quarta-feira, 7 de novembro de 2012


Igrejas neopentecostais sofrem queda, enquanto à AD cresce 48% na primeira década do século 21, chegando a 12,3 milhões em todo o país.


Os evangélicos no Brasil crescem 61% na primeira década do século 21, chegando a 42.275.440 de brasileiros ou 22,2% é, em número de pessoas, 16 milhões de crentes a mais em 10 anos. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados às 10h do dia 29 de junho. A Igreja Católica foi a que mais sofreu queda, caindo de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010. O destaque foi a Assembleia de Deus, que subiu 8,4 milhões em 2000 para 12,3 milhões em 2010. Foram 3,9 milhões de crentes a mais e 48% de crescimento entre os assembleianos.
            Desde os anos de 1970, a Assembleia de Deus é a maior denominação evangélica do país, só que nunca ela experimentou um período de crescimento como o dos últimos 22 anos. Até os anos de 1990, o período de maior crescimento da denominação havia sido nos anos de 1950. Porém, de 1990 a 2000 e de 2000 a 2010, a AD experimentou as duas maiores fases de crescimento de sua história.
            Em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, o pastor José Wellington Bezerra da Costa, líder da CGADB, falou sobre o crescimento da AD. "Nós abordamos as pessoas nas suas casas, nos logradouros públicos. Procuramos trabalhar na evangelização homem a homem, por assim dizer. Um trabalho de evangelismo pessoal", afirmou o líder.

Crescimento da AD

            Desde de 1991 a 2000, segundo o IBGE, foram 350% de crescimento. Nesse período, a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), maior ramo e tronco histórico da denominação, representando mais de 70% dos assembleianos no país, realizou a Década da colheita, um esforço evangelístico nacional na última década do século 20 promovido pela CGADB. E de 2000 a 2010, segundo o IBGE, foram 48% de crescimento. Segundo os números do Censo 2010 havia exatos 12.314.410 assembleianos em todo o país em 2010, o que representa cerca de 7% da população brasileira. Lembrando que, em 2011, o IBGE já havia apresentado os dados sobre religião da Pesquisa de Orçamento Familiares (POF) de 2009, que revelavam que o número de assembleianos no país já era de 11 milhões a apenas um ano de Censo 2010.
            Um detalhe importante é que uma vez que esses dados não são um retrato do país hoje, mas apenas de dois anos atrás, isso significa que o número de assembleianos em 2012 é, sem dúvida, ainda maior.
            Em junho de 2011, na edição histórica do jornal Mensageiro da Paz sobre o Centenário da Assembleia de Deus no Brasil, foi divulgado um levantamento do MP junto aos ministérios e convenções das ADs filiadas à CGADB. Esse levantamento mostrava que o número total de membros dessas igrejas no país era de 7.374.891. Nesse número não havia congregados, mas apenas membros de fato, isto é, crentes batizados em águas e que estavam em comunhão com suas igrejas até março de 2011. Também não haviam sido computados, claro, os quase 100 mil novos membros que desceriam às águas batismais três meses depois, no histórico Batismo do Centenário, promovido pela CGADB em junho de 2011. Logo, considerando que o número de congregados das ADs pelo país filiadas à CGADB chega, em média, a 30% da frequência mensal em seus templos, o MP chegou ano passado ao número de 9,5 ligados à CGADB até 2011.
            Como o MP conta apenas com os dados concretos das ADs filiadas ao ramo maior da denominação, não tendo acesso a dados precisos das ADs independentes e das filiadas à Convenção Nacional das ADs do Ministério de Madureira (Conamad), não havia como precisar o número total de assembleianos no Brasil em 2011, mas já dava para ter uma ideia.
            Acrescentando aos dados concretos sobre a CGADB algumas estimativas e projeções sobre a quantidade de assemblleianos dos ramos menores da denominação, podia-se afirmar que os assembleianos no Brasil já seriam mais de 13 milhões na época do Centenário, promovido em junho do ano passado pela CGADB, levou às águas batismais quase 100 mil novos crentes.
            Em entrevista ao site da revista Veja sobre os dados do Censo 2010, Cesar Romero Jacob, cientista político da PUC-RJ, afirma que "a preservação da família é um dos motivos que serve  para explicar o crescimento da Assembléia de Deus no país. De acordo com o Censo de 2010, ela é o maior segmento evangélico, com 12 milhões de fiéis, e o segundo maior do Brasil, atrás da igreja Católica. Em comparação com a igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, que perdeu 228 mil fiéis nos últimos 10 anos e hoje tem 1,8 milhão de arrebanhados, a Assembléia de Deus prega valores morais mais rígidos. Nos anos 90, época de expansão da favelização, a mãe não queria a desestruturação da sua família, o que a Assembleia não deixa. A proibição, por exemplo, de bebidas alcoólicas e de roupas femininas mais insinuantes. A favelização e a ocupação das periferias são resultado da migração dos anos 80 e 90, que deixou de ser motivada pela possibilidade de ascensão social e passou a acontecer pela expulsão das pessoas do campo, em sua maioria pobres. As correntes pentecostais acompanharam esses deslocamentos e, ainda na década de 90, entraram maciçamente na política".
            Jacob diz ainda que "a política se tornou um instrumento de crescimento da própria igreja pentecostal ou do pastor. É uma população com baixa renda e escolaridade. Entre pessoas independentes economicamente e bem formadas fica mais difícil o voto de cabresto". Só que, como ressalta o site da revista Veja, a pesquisa do Censo revela ainda que "apesar de os pentecostais crescerem na população pobre e baixa renda, na última década se fez presente também na nova classe média".
            Com certeza, fatores sociais explicam muito desse crescimento, mas não são as únicas explicações. Sabemos que parte desse crescimento se deve também ao fervor evangelístico, mas sem negociar os seus valores - tentação pela qual passam normalmente algumas igrejas em busca de crescimento rápido. Se há igrejas que não tem observado mais isso, seu crescimento terá sido mais inchaço do que qualquer outra coisa. Terá sido quantidade sem qualidade. E, como sabemos, quantidade é importante, mas quanto acompanhada de qualidade.

Neopentecostais caem

Quatro dados sobre religião do Censo 2010 são muito curiosos. O primeiro deles é a queda das igrejas neopentecostais, cujo modelo de trabalho foi, durante um bom tempo, copiado por alguns líderes evangélicos pentecostais, influenciados por modismo e preocupados mais em encher igreja do que proporcionar crescimento sadio. Teologia da prosperidade, confissão positiva, mensagens totalmente triunfalistas, G-12 e um certo afrouxamento em questões morais eram a tônica. Pois bem, o Censo 2010 mostra que igrejas que apostavam nisso estão entre as que mais perderam. e as poucas que têm esse modelo e cresceram devem sua quantidade de novos seguidores não a uma conversão de pessoas de outras religiões à fé evangélica por meio dessas igrejas, mas à migração considerável de membros de igrejas neopentecostais em declínio para essa neopentecostais mais novas. Ou seja, o que ocorre entre elas não é um crescimento real, mas uma transferência de membros.
            Outro dado é que aumentou o número de ateus, agnósticos e religiosos sem igreja (que representam a maior parte desse índice). Ao todo 15,3 milhões de brasileiros, cerca de 8% da população, se declaram crentes sem igreja, ateus ou agnósticos. Parece ser um sintoma de gente frustrada com falsos tipos de evangelhos pregados por aí nos últimos anos. Aliás, a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2009 do IBGE já demonstrava que, há três anos, mais de 4 milhões de evangélicos no país se diziam crentes sem igreja.

Até tradicionais caem

Em terceiro lugar, o Censo mostra decréscimo também entre as igrejas evangélicas tradicionais, excetuando os batistas, que aumentaram de cerca de 3,2 milhões para 3,7 milhões e continuam sendo o segundo maior ramo evangélico no país. Diminuiu o número de fiéis entre os presbiterianos, que são agora 921,2 mil; luteranos, que são 999,5 mil; congregacionais com 109,6 mil; e metodistas, com 340,9 mil.
            Entre os não tradicionais, caiu o número de fiéis na Congregação Cristã do Brasil (2,3 milhões), na Casa da Bênção (125,5 mil), na Igreja O Brasil para Cristo (196,6 mil) e nas Igrejas de Nova Vida (90,5 mil), Cresceram em número de fiéis as igrejas do Evangelho Quadrangular (1,8 milhão), Maranata (356 mil), Deus é Amor (845,3 mil) e o conjunto das comunidade evangélicas em geral (180,1 mil).
            Entre as seitas, cresceram os adventistas, que passaram de 1,2 milhão para 1,5 milhão; as testemunhas de jeová, de 1,1 milhão para 1,4 milhão; e os mórmons, de 199,6 mil para 226,5 mil.
            Em quarto lugar, algumas curiosidades: o Estado do Rio de Janeiro é o de menor porcentagem de católicos (45,8%) e o mais espírita (4%); e o Piauí ainda é o Estado mais católico (85,1%). Os estados mais evangélicos do Brasil são Espírito Santo (34,4%), Rondônia (34%) e Acre (34%).

Avanço evangélico na história do Brasil

Os dados do crescimento evangélico na história do Brasil, desde que começaram fazer recenseamentos por aqui, são os que se seguem: em 1890 éramos 143.743 (1% da população); em 1940, éramos 1.074.857 (2,6%), o que representava um crescimento de 648% em 50 anos; em 1950, éramos 1.741.430 (3,4%), um crescimento de 62%; em 1970, 4.814.728 (5,2%), um crescimento de 70,5%; em 1980, 7.885.846 (6,6%), um crescimento de 63,8%; em 1991, 13.189.284 (9%), um crescimento de 67,3%; e em 2000, 26.184.941 (15,45%), o que significou um crescimento de 98,5%. Agora, somos 22,2%, com crescimento de 61%. Nesse ritmo, em 2030 ou, no mais tardar 2040, os evangélicos serão maioria no Brasil.
            Que possamos continuar crescendo, mas que esse crescimento seja acompanhado de qualidade e não mero inchaço.

Fonte: Mensageiro da Paz - Agosto de 2012 - pags. 4 e 5





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