Fonte: Os Arminianos
Toda definição dada para a
Eleição Incondicional concorda que foi por um decreto soberano e eterno. O
conceito filosófico do decreto de Deus é a base para os Cinco Pontos do
Calvinismo. Despido de todo o seu palavreado teológico, o decreto de Deus sobre
o qual os calvinistas falam tanto pode ser descrito como único, eterno,
soberano e todo-abrangente. Por essa razão, é preciso examinar cada um deste
elementos individualmente a fim de corretamente verificar as implicações do
decreto de Deus.
O título do terceiro capítulo na
Confissão de Fé de Westminster é “Do Eterno Decreto de Deus.” Isto nos diz duas
coisas que os calvinistas crêem sobre o decreto de Deus: é único e eterno.
Embora a ele se refira muitas vezes no plural, “em benefício da mente finita do
homem,”[1]
os calvinistas estão de acordo ao fazer os assim chamados decretos de Deus como
realmente um único decreto contendo um propósito com muitos eventos. A ele se
refere no plural pela conveniência na enumeração destes eventos. Para confirmar
este fato, citamos Buswell e Hodge respectivamente:
Visto que os decretos de Deus são
imutáveis da eternidade passada à eternidade futura, e visto que Deus é
consistente e “não pode negar a si mesmo” (2Tm 2.13), segue que os decretos de
Deus podem ser considerados como um decreto complexo, incluindo todas as
coisas.[2]
Portanto, os decretos de Deus não
são muitos, mas um propósito... É um plano, portanto um propósito. Entretanto,
como este propósito inclui um número indefinido de eventos, e como tais eventos
se relacionam mutuamente, falamos dos decretos de Deus como muitos e possuindo
certa ordem.[3]
Diz-se também deste decreto que
ele é eterno. Mais uma vez, deixemos os calvinistas afirmarem exatamente o que
eles crêem. Desta vez Hoeksema e Berkhof falam pelos calvinistas:
O decreto de Deus é tão eterno
quanto o próprio Deus eterno.[4]
O decreto divino é eterno no
sentido de que está inteiramente na eternidade.... Contudo, embora o decreto se
relacione com coisas externas a Deus, continua sendo em si mesmo um ato dentro
do ser Divino e portanto, é eterno no sentido mais estrito da palavra.[5]
Então, de acordo com os
calvinistas, o decreto de Deus é único, e o decreto de Deus é eterno.
O próximo conceito filosófico do
decreto de Deus é a soberania de Deus. Esta palavra-chave calvinista tem sido
popularizada pelo livro The Sovereignty of God de Arthur W. Pink, e é o
sempre atual diatribe que ouvimos dos calvinistas. De fato, freqüentemente
dá-se à soberania de Deus precedência sobre a própria eleição: “A doutrina da
eleição é uma parte do mais amplo ensino que Deus está no controle soberano de
todo detalhe da história.”[6]
E apesar de que algumas vezes os calvinistas alegam que “a predestinação deve
ser considerada como a soma e substância da Fé Reformada,”[7]
o conceito da soberania de Deus é sempre exaltado:
O princípio básico do Calvinismo
é a soberania de Deus.[8]
A importância oculta da teologia
de Calvino se encontra em sua compreensão do ensino bíblico da soberania de
Deus.[9]
Ninguém consegue enfatizar a
soberania de Deus tão forte o bastante! A ênfase geral sobre a soberania
onipotente de Jeová Deus é a verdade e beleza do Calvinismo.[10]
A soberania de Deus é fundamental
ao Cristianismo. É o princípio mais básico do Calvinismo.[11]
Talbot e Crampton, além disto,
insistem que a soberania de Deus é “a base sobre a qual tudo é construído,” e
que ao rejeitá-la “todo o Cristianismo bíblico cairá com ela.”[12]
Coppes é rápido em acrescentar que “somente o calvinista, entretanto, reconhece
a absoluta soberania de Deus,”[13]
sugerindo que se alguém não for calvinista, então ele tem uma falsa concepção
de Deus.
Diz-se deste decreto único,
eterno, soberano que ele é também todo-abrangente, isto é, Deus, por seu
decreto, preordenou tudo que acontece no tempo. Mais uma vez, prestemos atenção
aos próprios calvinistas para a sua verdadeira posição, pois este é o únido
jeito de evitar o brado de deturpação freqüentemente vociferado pelos
calvinistas quando suas verdadeiras concepções são expostas. Deus realmente
preordena todas as coisas? O calvinista alega que sim:
Como um construtor traça seus
planos antes de começar a construir, da mesma forma o grande Arquiteto
predestinou tudo antes que uma única criatura fosse chamada à existência.[14]
A Soberania de Deus sobre tudo, e
sua independência, claramente mostram que o que quer que seja feito no tempo
está de acordo com seus decretos na eternidade.[15]
Todas as coisas resultam e
dependem da ordenação divina.[16]
Muitas vezes o calvinista irá
apenas citar a resposta à pergunta sete do Breve Catecismo de Westminster: “Os
decretos de Deus são o seu eterno propósito, segundo o conselho da sua vontade,
pelo qual, para sua própria glória, Ele predestinou tudo o que acontece.”
Quando um calvinista afirma que
Deus ordena todas as coisas, ele quer dizer “todas as coisas sem exceção” ou
“todas as coisas sem distinção”? Quando se opõe a Expiação ilimitada, o
calvinista insistentemente diz “todos sem distinção” a fim de limitar a
Expiação aos “eleitos.” Mas, tratando-se da extensão toda-abrangente do decreto
de Deus, quando um calvinista diz todas as coisas ele quer dizer “todas
as coisas sem exceção”:
Deus predestina todas as coisas,
animadas e inanimadas. Seu decreto inclui todos os anjos, bons e maus.[17]
Todas as coisas ocorrem conforme
a predestinação divina; não apenas as obras que fazemos exteriormente, mas até
mesmo os pensamentos que pensamos interiormente.[18]
Deus decretou onde cada um irá
viver: o país específico no qual deve nascer, e a própria cidade, comunidade,
vila e casa na qual irá habitar, e quanto tempo irá permanecer lá.[19]
John Gill resume a posição dos
calvinistas:
Em resumo, tudo a respeito de
todas as pessoas do mundo, que existiram, existem e existirão, está em harmonia
com os decretos de Deus, e está de acordo com eles; a vinda e a hora da vinda
dos homens ao mundo e todas as circunstâncias que a acompanham; todos os
eventos e acontecimentos com que eles irão deparar, durante todo o tempo de sua
vida; seus locais de moradia, suas posições, ocupações e emprego; suas
condições de riqueza e pobreza, de saúde e doença, adversidade e prosperidade;
seu tempo de sair do mundo, com tudo que está envolvido; tudo está de acordo
com o determinado conselho e vontade de Deus.[20]
Pode haver alguma dúvida sobre o
que os calvinistas crêem? Não há nada que tenha acontecido ou que acontecerá
pelo qual o decreto todo-abrangente de Deus não seja responsável. É exatamente
como Doris Day cantava: “O que será será.” Embora a redundância desta
matéria pareça sensacionalista e exagerada, ela é necessária para combater não
apenas o brado de deturpação dos calvinistas quando confrontados com sua
verdadeira posição, mas também o leitor cético que ainda não está convencido de
que o calvinista realmente pensa que Deus decretou tudo que aconteceu e
acontecerá.
Até que ponto vão os calvinistas
com sua insistência que tudo foi decretado? Considere a queda de Adão. Se Deus
preordenou tudo, então a Queda deve estar incluída também:
Até a queda de Adão, e através
dele a queda da raça, não foi por acaso ou acidente, mas foi assim ordenada nos
conselhos eternos de Deus.[21]
Certamente, se Deus não tivesse
desejado a queda, Ele poderia - e sem dúvida teria - ter impedido que ela
acontecesse, mas Ele não a impediu: logo, Ele a desejou. E se Ele a desejou,
Ele certamente a decretou.[22]
Claramente foi a vontade
de Deus que o pecado deveria entrar neste mundo, de outra forma ele não
teria entrado, pois nada acontece salvo conforme o que Deus eternamente
decretou. Além do mais, foi mais do que uma mera permissão, pois Deus
somente permite aquilo que tem proposto.[23]
Não apenas Seu olho onisciente
viu Adão comendo do fruto proibido, mas Ele decretou antecipadamente que ele devia
comer.[24]
Mas meramente dizer que a Queda
foi ordenada é uma afirmação suavizada. Gill declara que é certo “que a queda
de Adão foi pelo determinado conselho e presciência de Deus” porque “os
sofrimentos e morte de Cristo, pelos quais realiza-se a redenção dos homens
desse pecado, e de todos os outros, foram ordenados antes da fundação do mundo;
e que teria sido duvidoso e incerto, se a queda de Adão não acontecesse por meio
de um decreto semelhante.”[25]
O historiador e teólogo reformado Richard Muller admite sobre o conceito de
Beza acerca da Queda: “O decreto de Deus da eleição e da reprovação tornou
necessário que ele envolvesse o homem no pecado e na desobediência para o bem
da justiça e completa misericórdia do decreto.”[26]
Isto sugere que a queda de Adão foi um meio para um fim: o meio de conceder
graça aos “eleitos” e o meio de exaltar esta graça condenando os “não-eleitos.”
O resultado é um jogo de xadrez divino no qual Adão era um inconsciente peão.
Mas seguimos um passo adiante. Se
tudo que acontece no tempo foi decretado, incluindo a queda de Adão, então e
quanto a todos os outros pecados? Os calvinistas novamente têm a resposta:
É até bíblico dizer que Deus
preordenou o pecado. Se o pecado estivesse fora do plano de Deus, então nem uma
única questão importante da vida seria governada por Deus.[27]
Nada acontece contrário ao seu
decreto. Nada acontece por acaso. Até o mal moral, que ele abomina e proíbe,
ocorre “pelo determinado conselho e presciência de Deus.”[28]
Todas as coisas, incluindo até
mesmo as ações malévolas dos homens perversos e dos demônios – são trazidas à
existência de acordo com o propósito eterno de Deus.[29]
O pecado é um dos ‘tudo quanto’
‘acontece,’ todos os quais são ‘ordenados.’[30]
O ensino de que o pecado é também
preordenado por Deus não está limitado apenas aos modernos calvinistas. Tem
estado com o Calvinismo desde o próprio início. Gomarus, o principal adversário
de Arminius, ensinou que “Deus move as línguas dos homens para blasfemar.”[31]
Durante uma controvérsia com o anteriormente mencionado Vorstius, o teólogo
reformado John Piscator (1546-1625), professor em Herborn, na Alemanha, afirmou
que “Deus propriamente deseja que cometamos pecados, e de fato absolutamente
deseja que eles sejam cometidos; não somente isto mas ele também causa no tempo
estes mesmos pecados.”[32]
Como se tudo que eles têm dito
não fosse suficiente, o calvinista irá até o ponto de insistir que Deus não
poderia ter absoluto conhecimento dos eventos futuros a menos que ele
verdadeiramente decretasse que eles aconteceriam:
A idéia que Deus conhece o futuro
sem tê-lo planejado e sem controlá-lo é totalmente estranha à Escritura.[33]
Se Deus não preordenou todas as
coisas, então ele não poderia conhecer o futuro. Deus pré-conhece e conhece
todas as coisas porque Ele decretou a existência de todas as coisas.[34]
O pré-conhecimento dos eventos
futuros, então, está fundado sobre os decretos de Deus; como conseqüência, se
Deus pré-conhece tudo que será, é porque Ele determinou em Si mesmo desde toda
a eternidade tudo que será.[35]
A implicação teológica por trás
deste ensino é que se alguém nega a natureza toda-abrangente do assim chamado
decreto de Deus, então alguém está negando a onisciência de Deus.
Antes de aprofundarmos na TULIP,
pode ser uma boa idéia examinar o que a Bíblia na verdade diz sobre este único,
eterno, soberano e todo-abrangente decreto. Certamente a Escritura tem muito a
dizer sobre este decreto de Deus. Pense novamente. O termo é usado mais em
relação aos homens do que a Deus. No Velho Testamento, Ciro fez um decreto (Ed
5.13), Dario fez um decreto (Ed 6.1), Artaxerxes fez um decreto (Ed 7.21),
Nabucodonosor fez um decreto (Dn 3.10), e Ester fez um decreto (Et 9.32). No
Novo Testamento descobrimos que os Césares (Lc 2.1; At 17.7) e os apóstolos (At
16.4) fizeram decretos. Verificar os decretos de Deus envolve uma simples
leitura da Bíblia, não uma teologia sistemática de Berkhof, Dabney, ou Hodge. A
palavra decreto ocorre quarenta e nove vezes em quarenta e oito versos,
a palavra decretou ocorre cinco vezes em cinco versos, enquanto o plural
decretos é usado duas vezes em dois versos. Todavia, dos cinqüenta e
seis casos nos quais uma forma da palavra decreto é usada, somente oito
vezes ela está relacionada a Deus.
Os decretos de Deus estão
registrados na Escritura como segue:
A respeito da chuva (Jó 28.26)
A respeito do mar (Jó 38.10; Pv
8.29)
A respeito de Jesus Cristo (Sl
2.7)
A respeito dos céus (Sl 148.6)
A respeito de uma destruição (Is
10.22)
A respeito da areia (Jr 5.22)
A respeito de Nabucodonosor (Dn
4.24)
A primeira coisa a ser notada
sobre o decreto de Deus é que não é apenas um decreto – há sete deles. Em
segundo lugar, não se diz que nenhum destes decretos é eterno. E em terceiro
lugar, nenhum destes decretos envolve eleição ou predestinação. Todavia,
Christopher Ness (1621-1705) declara: “A predestinação é também chamada de um decreto
divino.”[36]
Escritura? Ele poderia possivelmente apresentar uma. Não há tal coisa como o
decreto eterno de Deus da predestinação – exceto nas especulações filosóficas e
implicações teológicas do Calvinismo.
Visto que nenhum decreto da
eleição ou predestinação é mencionado na Bíblia, o calvinista insiste que elas
são partes dos decretos secretos de Deus. Boettner nos recorda que o calvinista
“não está na obrigação de explicar todos os mistérios relacionados a estas
doutrinas.”[37]
Palmer argumenta que “não devemos nos aprofundar nesse conselho secreto de
Deus.”[38]
Ele até reconhece que o lema do calvinista é Dt 29.29: “As coisas encobertas
pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a
nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.”[39]
Visto que os caminhos de Deus não são nossos caminhos, nem seus pensamentos
nossos pensamentos (Is 55.8-9), a Eleição Incondicional é dissimulada como o
conselho secreto de Deus que não pode ser entendido. Todavia, incontáveis
volumes têm sido escritos pelos calvinistas sobre o assunto. Então, se o
decreto da predestinação é um decreto secreto, como os calvinistas sabem tanto
sobre ele? Strong fala do “fazendeiro que, após ouvir um sermão sobre os
decretos de Deus, tomou a estrada arriscada ao invés da segura rumo à sua casa
e, como resultado, quebrou sua carroça, e concluiu antes do fim da viagem que
ele, de alguma maneira, tinha sido predestinado a ser um imbecil, e que tinha
feito firme sua vocação e eleição.”[40]
Na Bíblia, entretanto, a apropriação indevida dos decretos de Deus pelos
calvinistas não é motivo de risos: “Ai dos que decretam leis injustas, e dos
escrivães que prescrevem opressão” (Is 10.1).
O próximo conceito filosófico do
decreto de Deus é a soberania de Deus. Embora à primeira vista a soberania de
Deus pareça ser uma doutrina escriturística, quando a interpretação calvinista
da soberania de Deus é examinada, será manifesto que sua interpretação difere
substancialmente da que um leitor imparcial adotaria. A noção calvinista de
Deus como sendo absolutamente soberano é muito precisa; entretanto, isso não
significa que a soberania tem precedência sobre seus outros atributos.
Na Bíblia, Deus é o único Ser
supremo. Isto é chamado a supremacia de Deus, e é descrito na Bíblia como
segue:
Tua é, SENHOR, a magnificência, e
o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos
céus e na terra; teu é, SENHOR, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre
todos. E riquezas e glória vêm de diante de ti, e tu dominas sobre tudo, e na
tua mão há força e poder; e na tua mão está o engrandecer e o dar força a tudo
(1Cr 29.11-12).
Porque o SENHOR Altíssimo é
tremendo, e Rei grande sobre toda a terra (Sl 47.2).
A soberania de Deus é o exercício
de sua supremacia:
Mas o nosso Deus está nos céus;
fez tudo o que lhe agradou (Sl 105.3).
E todos os moradores da terra são
reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os
moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?
(Dn 4.35).
Nós definitivamente concordamos
com os calvinistas que dizem que declarar Deus soberano é declarar que ele é
Deus.[41]
Como Deus não poderia ser soberano? Soberania é inerente à Divindade. Também
concordamos com Pink quando ele afirma que “quando dizemos que Deus é soberano
afirmamos Seu direito de governar o universo, que Ele fez para Sua própria
glória, exatamente como Lhe agrada.”[42]
Pink também está correto em dizer que “porque Deus é Deus, Ele faz como
lhe é agradável, somente como lhe é agradável, sempre como lhe é agradável; que
Seu grande interesse está no cumprimento de Sua própria satisfação e a promoção
de Sua própria glória; que Ele é o Ser Supremo, e portanto Soberano do
universo.”[43]
Então, qual é o problema com a
soberania de Deus? O problema é que Fidel Castro é soberano. Saddam Hussein é
soberano. O Papa é soberano. Hitler, Stalin e Mao foram soberanos. Quando um
calvinista fala da soberania de Deus ele quer dizer arbitrariedade. O resultado
final deste ensino é um Deus que poderia alterar, contornar, ou ignorar suas
próprias leis por causa de sua assim chamada soberania. Este Deus antinomiano é
descrito por Pink:
Não há nenhum conflito entre a
vontade divina e a natureza divina, todavia precisamos insistir que Deus é lei
para si mesmo. Deus faz o que Ele faz, não simplesmente porque a justiça requer
que Ele assim aja, mas o que Deus faz é justiça simplesmente porque Ele
faz. Todas as obras divinas resultam da mera soberania.[44]
Todavia, seja indicado, por outro
lado, que Deus é soberano, superior a toda lei, e de forma alguma preso pelas
restrições que Ele colocou sobre Suas criaturas.[45]
Mas embora Suas criaturas estejam
presas pelas leis que Ele as prescreveu, o próprio Deus não está. Deus não está
debaixo de nenhuma lei, mas é Soberano absoluto... Deus possui autoridade
suprema, e quando deseja, Ele despreza Suas próprias leis, ou edita novas leis
contrárias às dadas anteriormente... Aprenda então que Deus não está preso por
nenhuma lei, estando acima de todas elas.[46]
Assim, por este capricho
arbitrário, Deus poderia condenar ao inferno homens ainda não criados por
nenhuma outra razão senão seu soberano beneplácito. Este conceito da soberania
de Deus aplicado à salvação é resumido concisamente por Herman Hoeksema: “Deus
determina soberanamente quem irá se salvar, e quem não irá se salvar.”[47]
Assim, o que Hoeksema e todos os calvinistas realmente querem dizer é que Deus
arbitrariamente escolheu certas pessoas para salvação ou condenação por
capricho.
A Bíblia descreve um Deus um
tanto contrário à caricatura do calvinista. Antes de todos os atributos de Deus
está sua santidade. Como todos sabemos, o ditator mais vil, profano,
sanguinário, perverso, pode ser soberano – todavia ímpio. Deus é declarado ser
santidade absoluta:
Justo é o SENHOR em todos os seus
caminhos, e santo em todas as suas obras (Sl 145.17).
E clamavam uns aos outros,
dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia
da sua glória (Is 6.3).
Deus é “glorificado em santidade”
(Êx 15.11). Seu nome é santo (Sl 33.21); seu trono é santo (Sl 47.8). Porque
Deus é santo, ele exercita sua soberania somente de forma consistente com sua
santidade. O que os calvinistas têm feito é exaltar a soberania de Deus acima
de todos os seus outros atributos. Mas que tipo de pessoa, a menos que tivesse
um propósito teológico oculto, faria tal coisa?
A última coisa sobre este decreto
singular, eterno, soberano, é que se diz que ele é todo-abrangente; isto é,
Deus, por seu decreto, preordenou tudo que acontece no tempo. O primeiro
problema com este ensino é que há alguma verdade no que os calvinistas dizem.
Na busca para provar a natureza toda-abrangente do decreto de Deus, Pink diz
coisas como:
Tanto quanto uma mosca não pode
pousar sobre você sem a ordem do Criador, os demônios não poderiam entrar na
manada de porcos até que Cristo lhes desse permissão.[48]
Cristo regulamenta e governa para
o bem de Sua Igreja as deliberações do senado, o conflito dos exércitos, a
história das nações.[49]
Com a rejeição do caráter
calvinista de um decreto todo-abrangente, não se está negando a capacidade e
direito de Deus de influenciar e dirigir o homem conforme ele assim escolher.
Isto pode assumir a forma de impedir (Gn 20.6), guiar (Sl 73.24), dirigir (Pv
3.6), reprimir (Sl 76.10), endurecer (Êx 14.17), levar (Sl 139.24), inclinar
(Sl 119.36), ou muitas outras formas. Mas a influência de Deus não é o mesmo
que Deus preordenar todo pensamento e ação do homem. O problema que temos com
os calvinistas é este: a influência, direção, controle e permissão de Deus não
são os mesmos que a eleição, predestinação, preordenação e o decreto de Deus.
Para acrescentar mais insulto à
injúria, os calvinistas afirmam que Deus não poderia ter absoluto conhecimento
dos eventos futuros a menos que verdadeiramente decretasse que eles
acontecessem. Este é um ataque direto à onisciência de Deus. Que tipo de poder
há em saber algo que alguém já decretou acontecer? A prova que a Bíblia é
inspirada e Deus é exatamente quem diz ser é o fato que Deus sabe o que os
homens farão no futuro sem a preordenação divina de qualquer coisa:
Eis que as primeiras coisas já se
cumpriram, e as novas eu vos anuncio, e, antes que venham à luz, vo-las faço
ouvir (Is 42.9).
Que anuncio o fim desde o
princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O
meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade (Is 46.10).
Eliminar a onisciência absoluta
de Deus sob o pretexto de um decreto todo-abrangente não é apenas uma rejeição
deliberada da palavra de Deus, mas um ataque sutil à natureza do próprio Deus.
É perfeitamente claro ao examinar
os decretos de Deus na Bíblia que eles não são eternos. É também aparente que
não há tal coisa como um decreto que contém muitas partes. A verdadeira
natureza do conceito calvinista da soberania de Deus também foi examinada. Mas
em relação à natureza toda-abrangente do assim chamado decreto de Deus, o
calvinista apresenta alguma aparência de prova escriturística para Deus
preordenar todas as coisas. Isto não quer dizer que ele esteja correto. Tudo que
significa é que o calvinista tem amontoado Escritura suficiente para fazer-se
parecer confiável. A questão é concisamente afirmada por Boettner: “A questão à
nossa frente então é, Deus, desde toda a eternidade, preordenou todas as coisas
que acontecem?”[50]
O melhor lugar para começar é o
“ancoradouro da preordenação divina” para todos os calvinistas – o Livro de
Provérbios:
Do homem são as preparações do
coração, mas do SENHOR a resposta da língua (Pv 16.1).
O coração do homem planeja o seu
caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos (Pv 16.9).
A sorte se lança no regaço, mas
do SENHOR procede toda a determinação (Pv 16.33).
Muitos propósitos há no coração
do homem, porém o conselho do SENHOR permanecerá (Pv 19.21).
Os passos do homem são dirigidos
pelo SENHOR; como, pois, entenderá o homem o seu caminho? (Pv 20.24).
Como ribeiros de águas assim é o
coração do rei na mão do SENHOR, que o inclina a todo o seu querer (Pv 21.1).
Muitos buscam o favor do
poderoso, mas o juízo de cada um vem do SENHOR (Pv 29.26).
Qualquer verso que mencione a
direção de Deus, o fato que algo vem “do Senhor,” ou algo parecido, é também um
candidato a um texto prova da preordenação divina.
E o que os calvinistas
tiram destes versículos?
Este versículo, um tanto
claramente, não está restrito aos casos de conversão apenas. Via de regra, ele
cobre todos os pensamentos do coração de uma pessoa e todas as respostas que
alguém dá a alguma pergunta.[51]
Se o Senhor dirige os
passos de um homem, isto não é prova de que ele está sendo controlado ou
governado por Deus? ... Isto pode significar algo menos que, não importa o que
o homem possa desejar e planejar, é a vontade de seu Criador que é cumprida?[52]
É surpreendente que alguém que se
chama cristão e tem lido pelo menos uma pequena porção da Bíblia possa negar
que Deus controla as operações mentais de suas criaturas. O coração do homem
está na mão do Senhor e o Senhor inclina o coração do homem em qualquer direção
que o Senhor desejar. A idéia que a vontade do homem é livre, independente de
Deus, capaz de inclinar-se em quaisquer uma de doze incompatíveis direções, é
totalmente anti-bíblica e anti-cristã. Como uma clara negação da onipotência,
ela destrona Deus e tira o homem do controle de Deus.[53]
Outros calvinistas meramente
listam alguns destes versículos como textos prova após fazer afirmações gerais
sobre a eleição.[54]
O ponto de vista calvinista é claro: Deus preordenou toda palavra, pensamento,
ação e motivo de todo homem, mulher e criança em todos os momentos. A questão
nestes versículos não é se Deus pode ou controla, guia, dirige, e influencia o
homem. De acordo com os calvinistas, estes versículos provam que Deus
preordenou todo ato de todo homem. Por essa razão, com este postulado
calvinista em mente, veremos se a Bíblia confirma ou nega a posição calvinista.
A primeira classe de versículos
são os que mencionam alguma característica do homem que é supostamente ordenada
por Deus: preparações, respostas, passos, comportamento, julgamentos. Deve ser
lembrado que o calvinista insiste que nestes versículos é achado prova que Deus
preordenou todas as coisas. Mas e quanto às outras características que
não são mencionadas? Especificamente, os pensamentos, sonhos, planos e ações do
homem? Bem, responde o calvinista, a pré-ordenação destes coisas está
subentendida. Subentendida por quem? Pelos calvinistas ou pela Bíblia? E quanto
a estes aspectos do homem que supostamente são ordenados? Vamos supor por um
momento que eles são. O que isso tem a ver com a pré-ordenação de anjos,
demônios ou animais? Isto está subentendido também? Mas vamos continuar supondo
a pré-ordenação divina de todas as ações do homem. Que espécie de deus resulta
deste ensino? O que acontece se um homem se preparou (Pv 16.1) para cometer um
assassinato ou um estupro? Suponha que a resposta (Pv 16.1) de um homem era vil
e profana? A resposta de Ananias e Safira (At 5.2-5) era do Senhor? E quanto ao
falso depoimento das testemunhas contra Jesus Cristo (Mt 26.60)? Considere os
passos (Pv 16.9) de um homem enquanto ele comete um furto ou um assalto? E
quanto aos procedimentos de um homem (Pv 20.24) dentro de um bar ou de uma
livraria pornográfica? Suponha que um homem julgou (Pv 29.26) que a sodomia ou
o incesto era legal? Dizer que Deus não ordena qualquer uma destas
coisas é contradizer tudo que os calvinistas têm dito até então sobre a
natureza toda-abrangente do decreto singular, eterno e soberano de Deus.
Dois outros versículos
semelhantes dizem respeito a tirar a sorte (Pv 16.33) e aos propósitos no
coração de um homem (Pv 19.21). Embora os homens possam planejar e lançar a
sorte, a ordenação e conselho do Senhor não podem ser superados. O homem
propõe, Deus dispõe. O que estes versículos têm a ver com a pré-ordenação de
algo por Deus? Deus pode decidir o resultado de qualquer sorte (Lv 16.8-10; At
1.24-26), assim como impedir as disposições do homem (Gn 11.4-8; Ap 20.7-9).
Finalmente, há a questão do rei:
“Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR, que o
inclina a todo o seu querer” (Pv 21.1). Os calvinistas extraem a pré-ordenação
de todo homem deste verso. O batista da Graça Soberana David West argumenta:
“Se Deus pode e controla o rei, o homem mais poderoso sobre a terra, Ele também
controla qualquer outra pessoa.”[55]
Mas supondo por um momento que Deus ordena todas as ações de todos os reis,
como isso prova que todos os homens estão incluídos? Todos os homens não são
reis. Como podem dizer que todos os homens que não são reis estão incluídos?
Isto também está subentendido? E quanto às mãos e pés do rei? Eles estão nas
mãos de Deus? O versículo não diz que eles estão.
Este versículo é ilustrado na
pessoa de Ciro:
No primeiro ano de Ciro, rei da
Pérsia (para que se cumprisse a palavra do SENHOR, pela boca de Jeremias),
despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão
por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: Assim diz Ciro, rei da
Pérsia: O SENHOR Deus dos céus me deu todos os reinos da terra, e me encarregou
de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá (Es 1.1-2).
Igualmente, Deus chama
Nabucodonosor de “meu servo” quando ele o usa para trazer julgamento sobre
Israel (Jr 25.9). Ninguém está negando que Deus tem o direito ou capacidade de
usar homens e nações conforme lhe parecer adequado. Pink está certamente
correto em afirmar que “os piores tiranos, quando causam os maiores males, são
instrumentos de Deus para o cumprimento de sua vontade.”[56]
Mas o calvinista se esquece das palavras do apóstolo Paulo: “Que diremos pois?
que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma” (Rm 9.14). Deus
eternamente decretou que Herodes matasse todos as crianças de dois anos para
baixo (Mt 2.16)? Deus soberanamente decretou que Acabe cobiçasse a vinha de
Nabote e como resultado disso o matasse (1Re 21.1-13)? Deus preordenou a
perversidade de Manassés, que fez muito pior em suas abominações do que os
pagãos (2Cr 33.9)? Deus irá ainda trabalhar no coração dos reis (Ap 17.17) para
cumprir seu propósito (Sf 3.8). Todo pecado que eles cometem é parte do
“decreto eterno e soberano” de Deus? O erro dos calvinistas nestes versículos
em Provérbios é ler a palavra preordenado nas frases “do Senhor,” “da
parte do Senhor,” “conduz,” “transforma,” e expressões similares que falam do
controle ou influência de Deus.
Outras passagens usadas pelos
calvinistas para provar que Deus preordenou todo ato de todo homem incluem
aqueles que parecem falar do tempo da morte do homem sendo determinada por
Deus:
Visto que os seus dias estão
determinados, contigo está o número dos seus meses; e tu lhe puseste limites, e
não passará além deles (Jó 14.5).
Há tempo de nascer, e tempo de
morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou (Ec 3.2).
Visto que toda vida vem de Deus
(At 17.25), ninguém está negando seu direito ou capacidade de determinar o fim
da vida de uma pessoa. Está até mesmo registrado que Deus fez assim com Jacó
(Israel) e Moisés:
Chegando-se, pois, o tempo da
morte de Israel, chamou a José, seu filho, e disse-lhe: Se agora tenho achado
graça em teus olhos, rogo-te que ponhas a tua mão debaixo da minha coxa, e usa
comigo de beneficência e verdade; rogo-te que não me enterres no Egito (Gn
47.29).
E disse o SENHOR a Moisés: Eis
que os teus dias são chegados, para que morras; chama a Josué, e apresentai-vos
na tenda da congregação, para que eu lhe dê ordens. Assim foram Moisés e Josué,
e se apresentaram na tenda da congregação (Dt 31.14).
Deus ia matar Ezequias mas
acrescentou quinze anos à sua vida (Is 38.5).
O problema com os calvinistas é
triplo. Em primeiro lugar, o calvinista pensa que, porque estes versículos
falam de Deus determinando o tempo da morte do homem, isto também significa que
Deus preordenou tudo que acontece. Clark observa: “Isto muito obviamente
demonstra que Deus controla a duração da vida de alguém. Toda essa
predestinação não preocupa nossos oponentes. É, entretanto, um dos muitos
detalhes que, juntos, mostram que Deus governa todas as suas criaturas e todas
as suas ações.”[57]
Mas há uma enorme diferença entre Deus determinar o fim da vida de um homem e
Deus predestinar todas as coisas antes da fundação do mundo. Em segundo lugar,
o calvinista tem tomado afirmações gerais sobre a humanidade e as transformado
em decretos individuais para cada um. Cockrell alega que “ninguém deixará este
mundo até que Ele cumpra sua carreira predestinada.”[58]
A Bíblia declara do homem: “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se
alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e
enfado, pois cedo se corta e vamos voando” (Sl 90.10). Todavia, é óbvio que nem
sempre os homens morrem exatamente aos setenta ou oitenta anos de idade. Alguns
“não viverão metade dos seus dias” (Sl 55.23). Um homem pode morrer antes de
seu tempo determinado (Ec 7.17). Em terceiro lugar, ainda que os calvinistas
afirmam que crêem na absoluta predestinação de todas as coisas, eles fazem
afirmações que contradizem o que afirmam crer: “O fato que Deus determinou o
dia, hora e minuto de nossa morte não impede o uso de meios para a preservação
da vida.”[59]
Mas se Deus de fato determinou soberana e eternamente a data da morte de uma
pessoa, como alguma coisa que o homem faz “para a preservação da vida” de
alguma forma afeta isto?
A crucificação de Cristo é um
evento que os calvinistas usam para provar que Deus preordenou todo ato de todo
homem:
A este que vos foi entregue pelo
determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e
matastes pelas mãos de injustos (At 2.23).
Porque verdadeiramente contra o
teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio
Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão
e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer (At
4.27-28).
O qual, na verdade, em outro
tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes
últimos tempos por amor de vós (1Pe 1.20).
E adoraram-na todos os que
habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do
Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8).
Clark raciocina: “Como este
evento, a morte de Cristo, foi preordenado, da mesma forma todo evento é
preordenado porque Deus é onisciente; e nenhum detalhe, nem mesmo o número de
cabelos na cabeça de uma pessoa, escapa ao seu pré-conhecimento e conselho
deliberado. Tudo é parte de seu plano. De tudo Deus diz, ‘Dessa forma deve
ser.’”[60]
Ele então zomba: “Não devem aqueles que dizem que Deus não preordenou os atos
maus se enforcarem de vergonha?”[61]
Há quatro problemas com a exegese de Clark. Em primeiro lugar, o que o fato de
Deus ser onisciente tem a ver com ele preordenando o pecado? O calvinista
sutilmente nos leva a crer que, se alguém rejeita a idéia de que Deus ordenou o
pecado, então ele não crê que Deus realmente é onisciente. Em segundo lugar,
Clark deduz que, porque estes versículos falam de Deus determinando a
crucificação de Cristo, isto também significa que Deus preordenou todos os
outros eventos que acontecem. Mas conforme vimos, esta é uma dedução injustificada.
Em terceiro lugar, a crucificação de Cristo foi um evento excepcional, que
aconteceu uma vez – o ponto focal da história. Pressupor eventualmente as
doutrinas do Calvinismo deste acontecimento é sacrílego, para dizer o mínimo. E
em quarto lugar, Clark ignorou a palavra “presciência” na última parte da frase
“determinado conselho e presciência de Deus.” Se Deus determinou a crucificação
de seu Filho por um decreto soberano, eterno, sem nenhuma presciência envolvida
(foi incondicional), então somos deixados com o pensamento assustador,
draconiano, que Deus decretou a morte de seu Filho e então criou o homem para
que ele pudesse cair e Deus pudesse cumprir seu decreto da crucificação.
A fim de anular a presciência em
At 2.23, Pink sugere que “notemos a ordem aqui: primeiro o ‘determinado
conselho’ de Deus (Seu decreto), e em segundo Sua ‘presciência.’”[62]
Ele então insiste que a presciência de Deus está baseada em seus
decretos.[63]
Isto não é outra coisa senão o ensino acima mencionado de que Deus não pode
saber alguma coisa a não ser que ele previamente tenha decretado, como Pink diz
em outro lugar: “Deus prevê o que será porque Ele decretou o que será.”[64]
Mas não apenas Pink contradiz a Escritura, Calvino também. Primeiramente,
quando defrontado com outras escrituras nas quais a presciência não vem depois
da predestinação e da eleição, Pink tem um problema:
Porque os que dantes conheceu
também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que
ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8.29).
Eleitos segundo a presciência de
Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue
de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas (1Pe 1.2).
Mas isto não é tudo, pois algumas
vezes o chamado (a Graça Irresistível no sistema calvinista) precede a eleição
(2Pe 1.10), a salvação vem antes do chamado (2Tm 1.9), a santificação precede o
chamado (Jd 1), e o chamado vem antes da escolha (Mt 22.14). Por essa razão,
construir uma doutrina de um decreto todo-abrangente sobre a ordem de duas
palavras em um versículo é ridículo.
O segundo problema que Pink
enfrenta é com o homônimo do Calvinismo. No exame destes versículos em questão,
Calvino dá uma interpretação manifestamente diferente (e mais bíblica) do que
Pink:
Lucas trata aqui de duas
doutrinas, a presciência e o decreto de Deus. E embora a presciência é a
primeira na ordem, porque Deus vê o que deseja determinar antes que determina,
Lucas a torna subordinada ao conselho e decreto de Deus, para que possamos
saber que Deus deseja ou resolve nada que não tenha muito tempo antes conduzido
ao seu fim particular.[65]
Pode, entretanto, ser perguntado,
como Adão não caiu antes da criação do mundo como Cristo foi nomeado o
Redentor? Pois uma cura deve vir depois da doença. Minha resposta é que isto
deve ser referido à presciência de Deus, pois, sem dúvida, antes que Ele criou
o homem, Deus previu que ele não permaneceria firme por muito tempo em sua
integridade. Daí, de acordo com a maravilhosa sabedoria e bondade, Ele ordenou
que Cristo fosse o Redentor, que libertasse da ruína a raça perdida do homem.
Nisto brilha ainda mais claramente a inefável bondade de Deus, visto que Ele
antecipou nossa doença pelo remédio de Sua graça, e proporcionou uma
restauração à vida antes que o primeiro homem tivesse caído na morte.[66]
Isto demonstra uma vez mais que
os calvinistas estão em irremediável desacordo entre si.
O assunto da crucificação
introduz uma questão interessante: quem matou Jesus Cristo? Foi o homem que
fabricou a cruz? Foram aqueles que o mantiveram sob controle ou os que cravaram
os pregos? Aí permanece uma quíntupla responsabilidade pela crucificação:
Judicialmente: os romanos (1Co
2.8)
Nacionalmente: os judeus (Mt
27.25)
Fisicamente: Jesus Cristo (Jo
10.18)
Teologicamente: Deus Pai (Is
53.10)
Praticamente: a humanidade (2Co
5.21)
Se os judeus abordados no Livro
de Atos estavam simplesmente cumprindo o decreto de Deus, então eles não seriam
declarados responsáveis – eles seriam declarados obedientes. Todavia, eles
foram aqueles sobre quem a responsabilidade se apoiava. Eles foram acusados de
crucificar Cristo (At 2.36, 4.10), entregá-lo, negá-lo e matá-lo (At 3.13-15),
assassiná-lo e pendurá-lo (At 5.30, 10.39), assim como trai-lo e matá-lo (At
7.52).
A respeito de sua própria
crucificação, Jesus Cristo fez uma interessante afirmação: “E, na verdade, o
Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por
quem é traído!” (Lc 22.22). Embora Jesus Cristo tinha que ser crucificado,
ninguém estava preordenado a fazer isto. Observe o que Jesus Cristo disse sobre
seu traidor: “Bom seria para o tal homem não haver nascido” (Mc 14.21). Se
Judas não tivesse nascido então alguma outra pessoa teria feito isto. Paulo diz
a mesma coisa sobre Pilatos e Herodes: “A qual nenhum dos príncipes deste mundo
conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória”
(1Co 2.8). Assim, Pilatos e Herodes não foram soberanamente ordenados antes da
fundação do mundo para crucificar o Filho de Deus. Pilatos, em seu “determinado
conselho,” queria deixar Cristo ir: “O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o
Deus de nossos pais, glorificou a seu filho Jesus, a quem vós entregastes e
perante a face de Pilatos negastes, tendo ele determinado que fosse solto” (At
3.13). Ninguém jamais foi preordenado a cometer qualquer pecado.
Há também a questão a ser
considerada de Deus preordenando o pecado, que, como vimos, os calvinistas
respondem na afirmativa, como Shedd diz, “Até mesmo o mal moral, que ele
abomina e proíbe, ocorre pelo determinado conselho e presciência de Deus.”[67]
A questão de Deus e do mal tem ocupado os filósofos por séculos. Muitos
filósofos crêem que a existência do mal faz com que a fé em Deus seja
irracional, inconsistente, ou contraditória. O filósofo escocês David Hume
(1711-1776) indaga sobre Deus:
Estaria ele querendo impedir o
mal sem ser capaz de fazê-lo? Então ele é impotente. Ele é capaz, mas não está
disposto? Então ele é malévolo. Ele é tanto capaz quanto está disposto? Então
de onde vem o mal?[68]
A teodicéia cristã para o fato
que Deus é onisciente, onipotente e completamente bom, apesar da existência do
mal, é que todo o argumento está baseado numa lógica defeituosa. Sendo Deus
onisciente, onipotente e completamente bom, apesar da existência do mal, não é
irracional ou contraditório, a menos que duas outras proposições sejam
acrescentadas, a saber[69]:
1. Um ser perfeitamente bom
sempre eliminaria o mal se pudesse
2. Não há limites ao que um ser
onipotente possa fazer
Há diversas razões por que a
primeira proposição é falsa: a ocorrência de um mal maior, a eliminação de um
bom estado de coisas, disciplina ou punição, a ocorrência de um bem último. E
quanto à segunda, quando o cristão insiste na onipotência de Deus, ele não quer
dizer que Deus é sem limites num sentido absoluto, mas num sentido lógico; isto
é, Deus não pode fazer um círculo quadrado ou uma rocha que ele não possa
mover. Para Deus criar homens que são livres, racionais e agentes morais requer
uma “Defesa do Livre-Arbítrio” do mal.[70]
Embora não seja aceitável, os calvinistas afirmam que têm uma resposta simples
para o problema do mal: Deus o decretou.
Passando da filosofia para a
Bíblia, os textos provas calvinistas para esta perniciosa doutrina não diz nada
sobre Deus ordenando ações pecaminosas individuais dos homens:
Eu formo a luz, e crio as trevas;
eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas (Is 45.7).
Porventura da boca do Altíssimo
não sai tanto o mal como o bem? (Lm 3.38).
Tocar-se-á a trombeta na cidade,
e o povo não estremecerá? Sucederá algum mal na cidade, sem que o SENHOR o
tenha feito? (Am 3.6).
Clark vê o Calvinismo neste verso
em Isaías e conclui: “As duas teses mais inaceitáveis aos arminianos são que
Deus é a causa do pecado e que Deus é a causa da salvação.... Isaías neste verso
torna o Arminianismo biblicamente impossível.”[71]
O que ele quer dizer é que, se você nega ao homem o livre-arbítrio para pecar
sem Deus ordenando-o, então você usurpa a soberania de Deus. Que os versículos
em questão não estão dizendo respeito a Deus ordenando o pecado é claro.
Custance, certamente tão calvinista quanto Clark, explica:
Há um diferença expressiva em
significado entre as palavras mal e pecado,.... Quando aprendemos
que Deus faz o mal, determina o mal, planeja o mal, aspira ao mal, e até mesmo
cria o mal, parece que somos deixados sem alternativa a não ser elucidar tais
passagens. E isto devemos fazer, obviamente, se o mal e o pecado significam a
mesma coisa, pois não podemos supor que Deus seja o autor do pecado.... É de
fato difícil distinguir mal e perversidade, e bondade e retidão, de forma
abstrata. Devemos considerar estas palavras em seu contexto. Quando o homem
faz o mal é geralmente pecaminoso; quando Deus faz o mal, isto não pode
possivelmente ser.... A diferença básica de um ponto de vista bíblico é que o
mal e a bondade são éticos em natureza e temporais em efeito, ao passo que, por
contraste, o pecado e a retidão são morais em natureza e eternos em
conseqüência.... Está muito claro que, enquanto Deus nunca pode ser acusado de
cometer perversidade, Ele é muitas vezes expressamente declarado ser o autor do
mal.... O mal pode de fato ser bom, se visto a longo prazo, ao passo que a
perversidade nunca pode ser retidão, não importa o prazo que consideremos....
Está claro portanto que o mal per se não deve ser equivalente ao pecado,
e que Deus tem todo direito de ordenar o mal assim como o bem na execução de
seu propósito.[72]
Não fazer distinção entre o mal
conforme oposto ao bem e ao pecado é impugnar a natureza de Deus.
Porque Deus é santo, ele não
somente odeia o pecado, mas ele não pode pecar:
Portanto vós, homens de
entendimento, escutai-me: Longe de Deus esteja o praticar a maldade e do
Todo-Poderoso o cometer a perversidade! (Jó 34.10).
Porque tu não és um Deus que
tenha prazer na iniqüidade, nem contigo habitará o mal (Sl 5.4).
Tu és tão puro de olhos, que não
podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar. Por que olhas para os que
procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais
justo do que ele? (Hc 1.13).
Está perfeitamente claro na
Bíblia, entretanto, que Deus muitas vezes provoca o mal, tanto sobre indivíduos
(2Sm 17.14; 1Re 14.10, 21.21) como sobre nações (Ne 13.18; Ez 14.22; Dn 9.14).
Deve também ser notado que os indivíduos e a nação nos versos aludidos são
todos partes da nação de Israel: a nação eleita. Por que Deus provoca o mal
sobre alguma coisa? O calvinista quer que acreditemos que Deus arbitrariamente
decreta o bem aqui e o mal ali de acordo com sua vontade soberana. Mas o que a
Bíblia diz? Aqui está um típico exemplo de por que Deus provoca o mal:
E dirás: Ouvi a palavra do
SENHOR, ó reis de Judá, e moradores de Jerusalém. Assim diz o SENHOR dos
Exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei um mal sobre este lugar, e quem
quer que dele ouvir retinir-lhe-ão os ouvidos. Porquanto me deixaram e
alienaram este lugar, e nele queimaram incenso a outros deuses, que nunca
conheceram, nem eles nem seus pais, nem os reis de Judá; e encheram este lugar
de sangue de inocentes. Porque edificaram os altos de Baal, para queimarem seus
filhos no fogo em holocaustos a Baal; o que nunca lhes ordenei, nem falei, nem
me veio ao pensamento (Jr 19.3-5).
Só o Livro de Jeremias contém
muitas passagens exatamente como esta (Jr 6.19, 11.10-11, 16.10-11, 36.3). Note
na passagem acima que Deus trouxe o mal por causa dos pecados das pessoas. E a
respeito dos seus pecados, Deus expressamente declarou que ele nunca os
decretou: “O que nunca lhes ordenei, nem falei, nem me veio ao pensamento” (Jr
19.5). Como Deus poderia decretar e preordenar o pecado deles se ele nunca veio
ao seu pensamento? Por que o pecado acontece? É por causa da depravação do
homem, uma doutrina que os calvinistas parecem se esquecer, exceto quando
tentam provar a incapacidade do homem para responder ao Evangelho.
Como último recurso, os
calvinistas apelam à ultima metade de Ef 1.11 como prova de que Deus ordenou
todo ato – bom ou mau: “Nele, digo, em quem também fomos feitos herança,
havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as
coisas, segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1.11). A expressão “faz todas as
coisas, segundo o conselho da sua vontade” é usada por Pink em vão enquanto ele
busca convencer seus leitores da “absoluta soberania de Deus.”[73]
Alvin Baker afirma que passagens como esta “não permitem que se coloque a
incredulidade e o pecado fora do conselho eterno de Deus. Deus faz ‘todas as
coisas,’ incluindo o pecado, segundo a sua vontade eterna.”[74]
John Feinberg sustenta que este versículo “é talvez a mais clara expressão da
doutrina da soberania de Deus.”[75]
Clark conclui deste versículo: “Deus faz todas as coisas segundo o conselho de
sua vontade. Ele faz exatamente o que lhe agrada, com tudo. Absolutamente nada
escapa à sua predeterminação.”[76]
O problema aqui é duplo. Em
primeiro lugar, o versículo diz que Deus “faz todas as coisas,” não que ele
“preordenou todas as coisas.” Alguém tem passado tempo demais estudando os
decretos de Deus e tempo insuficiente estudando português. Em segundo lugar, o
conselho de Deus não é o decreto de Deus (supondo primeiramente, a bem do
argumento, que exista tal coisa). Assim, o erro dos calvinistas está em
considerar como equivalentes a operação e o conselho de Deus com a
pré-ordenação e o decreto de Deus. Como prova que o conselho de Deus não é o
decreto de Deus, deve ser notado que na Bíblia, uma pessoa pode rejeitar o
conselho de Deus:
Antes rejeitastes todo o meu
conselho, e não quisestes a minha repreensão (Pv 1.25).
Não aceitaram o meu conselho, e
desprezaram toda a minha repreensão (Pv 1.30).
Mas os fariseus e os doutores da
lei rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido batizados
por ele (Lc 7.30).
Agora, admitimos que Deus deve
permitir que isto aconteça, mas isso não diminui sua legitimidade.
Para resumir e sucintamente
refutar o conceito que Deus preordenou tudo que acontece, e provar que não há
tal coisa como a natureza toda-abrangente do decreto de Deus, treze razões
serão aqui apresentadas:
1. Deus disse assim
2. A natureza de Deus
3. A permissão de Deus
4. A responsabilidade do homem
5. O livre-arbítrio do homem
6. A oração
7. As admissões de calvinistas
8. As rejeições de calvinistas
9. A filosofia
10. A contingência
11. A semântica
12. O acaso
13. O senso comum
Em relação a Deus, a primeira
coisa que nega este ensino é que ele claramente diz que não decreta tudo. Vimos
em referência a Deus ordenar o pecado do homem que Deus “nunca lhes ordenei,
nem falei, nem me veio ao pensamento” (Jr 19.5). Como Deus poderia decretar e
preordenar o pecado se ele nunca veio ao seu pensamento?
Em segundo lugar, a natureza
santa de Deus não permitiria que Ele fizesse tal coisa. O segundo problema com
este ensino é que ele claramente torna Deus o autor do pecado. Mas quando o
calvinista se vê diante desta acusação, ele foge e começa a dizer coisas
contraditórias. Como Beza, que afirma que enquanto nada “acontece acidentalmente
ou à parte do decreto justo de Deus,” “Deus mesmo não é nem o autor do pecado
nem participa do ato de pecar.”[77]
Mas o que é isto? Deus ordena todas as coisas ou não? Esta conversa de duplo
sentido do calvinista é típica quando ele se depara com as implicações de sua
doutrina. Mas Deus além disso declara: “Não falei em segredo, nem em lugar
algum escuro da terra; não disse à descendência de Jacó: Buscai-me em vão; eu
sou o SENHOR, que falo a justiça, e anuncio coisas retas” (Is 45.19). Deus
nunca comandaria que um homem se arrependesse, e então determinaria que ele não
fosse capaz, com o objetivo de condená-lo. Mas isto é exatamente o que o
sistema TULIP faz.
Há também a questão da permissão
de Deus. Freqüentemente se diz que Deus faz algo quando na verdade ele somente
permitiu que fosse feito. Satanás incitou Davi a numerar Israel (1Cr 21.1), mas
se diz que Deus fez isto (2Sm 24.1). O melhor exemplo é Jó. Satanás foi a causa
do sofrimento de Jó (Jó 1.12, 2.7), mas Jó (Jó 1.21), o escritor de Jó (Jó
42.11), e o próprio Satanás (Jó 1.1, 2.5) o atribui a Deus. Isto é também
confirmado por Charles Hodge: “Destas passagens e de outras similares, é
evidente que é um uso bíblico familiar, atribuir a Deus ações que ele em sua
sabedoria permite acontecer.”[78]
No que diz respeito ao homem, a doutrina que Deus predestinou todas as coisas
destrói a responsabilidade do homem. O calvinista Jay Adams vê o problema: “As
doutrinas da soberania divina – incluindo a predestinação, eleição, etc. – são
freqüentemente repudiadas como ensinos ridículos e perigosos que, se aceitos e
cridos, destruiriam o evangelismo, a iniciativa e a responsabilidade humanas.”[79]
Exatamente. Mas naturalmente, os calvinistas insistem que ele de forma alguma
nega a responsabilidade do homem:
A soberania de Deus também ensina
que Deus não é o autor responsável do mal, que o homem é um agente moral livre
que não é forçado a pecar e que é responsável pelo que faz.[80]
Deus não é o autor do pecado, nem
o sanciona (o aprova). Ele não é responsável pelo pecado, embora Ele o
decretou. Os culpados de pecar são responsáveis.[81]
Esta conversa de duplo sentido
também é encontrada na Confissão de Fé de Westminster:
Desde toda a eternidade, Deus,
pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e
inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do
pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou
contingência das causas secundárias, antes estabelecidas.[82]
O calvinista oferece várias
explicações para lidar com “o aparente paradoxo da soberania de Deus e da
responsabilidade do homem.”[83]
Gunn nos informa que “os ensinos da responsabilidade humana e da soberania
divina são como duas linhas paralelas que se encontram somente na infinidade.”[84]
Palmer insiste: “Esta questão secreta pertence ao Senhor nosso Deus, e devemos
deixá-la lá. Não devemos sondar dentro desse conselho secreto de Deus.”[85]
J. I. Packer nos diz para “recusar considerar a aparente inconsistência como
real.”[86]
Mas até mesmo os próprios calvinistas não aceitam a verdade destas explicações.
Sproul corretamente adverte: “Dizer que linhas paralelas se encontram na
eternidade é uma declaração insensata; é uma clara contradição.”[87]
Ambos, Palmer e Packer, têm sido criticados por outras calvinistas por suas
opiniões.[88]
Mas se Deus preordenou todo pensamento, palavra, e ação do homem, então como
poderia ser de outra forma, se Deus é santo e justo, que a responsabilidade do
homem é negada?
Ainda em relação ao homem, a
doutrina que Deus predestinou todas as coisas também destrói o livre-arbítrio
do homem. Com esta afirmação os calvinistas concordam. Embora ele crê que a
soberania e a responsabilidade não sejam antinomias, Clark sustenta que a
soberania e o livre-arbítrio “seria uma antinomia e uma contradição; pois
soberania significa que Deus controla todas as coisas, incluindo nossas
vontades, e livre-arbítrio significa que nossas vontades não são controladas
por Deus. Esta é uma clara contradição. Só um demente acreditaria em ambos.”[89]
Mas, como vimos no capítulo anterior, a solução dos calvinistas é negar o
livre-arbítrio completamente. Foi lá mostrado que a questão do livre-arbítrio
era uma questão filosófica que tem sido debatida por séculos, e continua a ser
debatida entre filósofos até hoje. A diferença, entretanto, entre um filósofo
determinista e um calvinista é que nenhum filósofo nega o livre-arbítrio ao
homem por causa de um decreto soberano, eterno e todo-abrangente. Dessa forma,
a idéia que o homem não tem livre-arbítrio está diretamente relacionada, não
apenas com a suposta Total Depravação do pecador, mas com a falsa premissa de
que todas as suas ações foram preordenadas desta a eternidade.
O resultado de crer que tudo foi
preordenado, com a subseqüente negação do livre-arbítrio, consiste de palavras
como que escritas por um doido. Gerstner é típico em seu livreto sobre o
livre-arbítrio:
Caro leitor, você tem em suas
mãos um livrinho intitulado Uma Introdução ao Livre-Arbítrio. Eu não
conheço você, mas sei muito sobre você. Uma coisa que sei é que você não
adquiriu este livro de seu próprio livre-arbítrio. Você o adquiriu e começou a
lê-lo, e agora continua a lê-lo, porque você deve assim fazer. Não há
absolutamente nenhuma possibilidade, sendo a pessoa que você é, que você não
estivesse lendo este livro agora. Ainda, você anteriormente não destruiu este
pequeno livro por indignação. Se tivesse feito, não teria lido essa sentença.
Poucos de vocês podem sorridentemente saber quão certo estou. Mas alguns estão
indignados porque pensam que o que eu disse sobre vocês é ridículo e
absolutamente falso.[90]
Mas depois de dizer que seu livro
tinha que ser adquirido e lido, ele suplica: “Agora, digo àqueles que estão
duvidosos, e especialmente àqueles que estão indignados, que por favor não
destruam o livro.”[91]
Mas então ele diz novamente: “Não provei estar certo em dizer que você tinha
que adquirir este livro, que você agora tem que continuar a ler
exatamente onde você está neste exato momento?”[92]
A questão iminente é afirmada por
Boettner: “O problema com que nos defrontamos aqui é, Como uma pessoa pode ser
um agente livre e responsável se suas ações foram preordenadas desde a
eternidade?”[93]
Clark, depois de primeiro insistir que “a Bíblia nunca na verdade menciona o
livre-arbítrio,”[94]
então diz: “A única referência a livre-arbítrio na Bíblia é as ofertas
voluntárias. Estas não têm nada a ver com o problema sob consideração. Ofertas
voluntárias são meramente ofertas além das exigidas pela lei. Depois que uma
pessoa tinha feito todas as ofertas prescritas pela lei, ela poderia, por gratidão
à graça de Deus, dar algo mais. Esta era chamada uma oferta voluntária.”[95]
Clark está errado por duas razões. A primeira é que estas ofertas voluntárias,
mencionadas dezesseis vezes na Bíblia, têm tudo a ver com o problema sob
consideração. Como Clark explica: “Depois que uma pessoa tinha feito todas as
ofertas prescritas pela lei, ela poderia, por gratidão à graça de Deus, dar
algo mais.” Note a frase “ela poderia.” Isto sugere que ela tinha
livre-arbítrio para dar ou não dar. E, em segundo lugar, note o que mais a
Bíblia diz sobre o livre-arbítrio: “Por mim se decreta que no meu reino todo
aquele do povo de Israel, e dos seus sacerdotes e levitas, que quiser ir
contigo a Jerusalém, vá” (Es 7.13). Adão e Eva tinham livre-arbítrio (Gn 2.16).
Durante o tempo dos juízes o povo “se ofereceu voluntariamente” (Jz 5.2). Davi
encorajou Salomão a servir a Deus “com uma alma voluntária” (1Cr 28.9). Durante
o tempo de Neemias, algumas pessoas “voluntariamente se ofereciam para habitar
em Jerusalém” (Ne 11.2). No Novo Testamento, vemos que as promessas da oração
estão baseadas sobre o livre-arbítrio: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas
palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (Jo
15.7). Paulo pregou voluntariamente: “E por isso, se o faço de boa mente, terei
prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é confiada” (1Co
9.17). O livre-arbítrio não é somente uma doutrina bíblica, o termo é na
verdade usado na Bíblia [NT: Na Bíblia em inglês é usada a palavra free will
(livre-árbítrio)]. Por outro lado, os termos Eleição Incondicional, graça
soberana, a soberania de Deus, e o decreto eterno de Deus não são nem doutrinas
bíblicas nem termos bíblicos.
A última coisa em relação ao
homem que prova que Deus não predestinou todas as coisas é a oração. A Bíblia
está repleta de exemplos de oração e comandos para os cristãos orarem:
Não estejais inquietos por coisa
alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela
oração e súplica, com ação de graças (Fp 4.6).
Orai sem cessar (1Ts 5.17).
Admoesto-te, pois, antes de tudo,
que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos
os homens (1Tm 2.1).
A oração muda as coisas? Mudou no
caso de Moisés (Dt 9.18-20) e Ezequias (2Re 20.1-6). Os calvinistas,
entretanto, insistem que não. A atitude dos calvinistas com respeito à oração
pode ser vista na resposta dada a uma pergunta sobre oração a um grupo de
calvinistas. Em resposta à pergunta: “A oração pode mudar as coisas?” três
batistas da Graça Soberana responderam[96]:
James O. Wilmoth: Sabemos que Deus predestinou
todas as coisas que acontecem. Ele faz todas as coisas conforme o conselho de
Sua própria vontade. É difícil reconciliar a oração e a vontade imutável de
Deus.
David S. West: A oração não muda as coisas,
nem a oração muda Deus ou Sua mente.
Dan Phillips: O que Deus predestinou
acontecer sempre acontece conforme Ele propôs, e por mais que alguém ore, nada
vai mudar isto. Não, a oração não muda as coisas; entretanto, ela nos muda.
A idéia é: se Deus já fixou tudo,
então quem somos nós para desrespeitar sua soberania e solicitar uma mudança? A
atitude dos calvinistas com respeito à oração é resumida pelo batista da Graça
Soberana Joseph Wilson:
Ninguém pode crer na gloriosa
doutrina bíblica da predestinação e acreditar que a oração muda as coisas. As
duas são incompatíveis. Elas não se harmonizam. Se uma é verdadeira, a outra é
falsa. Visto que a predestinação é verdadeira, segue, como a noite segue o dia,
que a oração não muda as coisas.[97]
Então, quando Robert Selph afirma
que “todo mundo é calvinista quando de joelhos em oração,”[98]
ele está mentindo, pois a posição calvinista sobre a oração não é aceita pela
maioria dos cristãos.
Quanto aos próprios calvinistas,
eles também fornecem razões para rejeitar o conceito que Deus preordenou tudo
que acontece através de um decreto todo-abrangente. Para começar, alguns
calvinistas, embora crêem nesta doutrina, reconhecem a falta de lógica dela. N.
L. Rice admite que a pré-ordenação divina parece “ser contrária às Escrituras,
absurda e ímpia.”[99]
Palmer reconhece que o que ele defende é “ilógico, ridículo, absurdo e
insensato.”[100]
Em segundo lugar, a idéia de Deus ordenando o pecado tem particularmente
desconcertado e perturbado alguns calvinistas. Para se esquivar das óbvias
implicações, alguns adotam uma distinção entre os decretos eficazes de Deus e
os decretos permissivos de Deus.[101]
Mas mudar o nome não altera em nada, somente acrescenta à abundância confusa da
terminologia TULIP. Por exemplo, Talbot e Crampton afirmam que “o decreto com
referência ao pecado” é um decreto permissivo mas não apenas “um mero
decreto permissivo.”[102]
O teólogo reformado holandês G. C. Berkouwer se admira de como teólogos podem “ao
mesmo tempo falar de Deus como aquele que tudo causa, e não dizer que Ele é a
causa do pecado humano.”[103]
Contrário à sua Confissão de Fé da Filadélfia, alguns batistas da Graça
Soberana igualmente hesitam diante da idéia que Deus predestinou tudo.[104]
Embora crendo na doutrina da predestinação para a salvação, muitos batistas
primitivos rejeitam a predestinação num sentido absoluto.[105]
A última coisa em relação aos
calvinistas que lança dúvida sobre seu ensino da predestinação absoluta é que
este ensino não é diferente de outros conceitos filosóficos que ensinam “o que
será será.” Embora os calvinistas se esforçam para se distanciarem do
fatalismo,[106]
eles estão basicamente ensinando a mesma coisa. Quando um filósofo crê que “o
que será será,” isto é chamado determinismo. Quando um estóico crê que “o que
será será,” isto é chamado destino. Quando um muçulmano crê que “o que será
será,” isto é chamado fatalismo. Mas quando um calvinista crê que “o que será
será,” isto é chamado predestinação. A única forma do calvinista evitar essas
conseqüências é dizer que somente a predestinação é uma doutrina bíblica.
O fato de haver três versículos
na Bíblia que mostram a contingência de um evento é outra prova de que não há
tal coisa como Deus preordenando tudo através de um decreto todo-abrangente.
Como vimos no capítulo anterior, na Bíblia está claro que a possibilidade
existe de um homem poder ou não crer, dependendo das circunstâncias:
E os que estão junto do caminho,
estes são os que ouvem; depois vem o diabo, e tira-lhes do coração a palavra,
para que não se salvem, crendo (Lc 8.12).
E não quereis vir a mim para
terdes vida (Jo 5.40).
E nos impedem de pregar aos
gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus
pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim (1Ts 2.16).
Estes versículos não significam
que sob uma determinada série de circunstâncias um homem sempre irá crer. Mas
eles mostram que há essa possibilidade. E se existe, ainda que a menor
possibilidade de que um homem possa crer, a doutrina do decreto eterno e
soberano cai pelo caminho. Não há possibilidades no Calvinismo TULIP. Há muitas
coisas na Bíblia que não são estáveis. Se as obras que Cristo fez tivessem sido
feitas em Tiro e Sidom eles teriam se arrependido (Mt 11.21), do mesmo modo
Sodoma (Mt 11.23). A conduta de Deus com seu povo eleito, os judeus, era
condicional (Dt 5.33, 6.1-3, 11.16-17).
A próxima razão porque Deus não
poderia ter preordenado tudo que acontece através de um decreto todo-abrangente
é a semântica. Isto tem a ver com o significado, ou uma interpretação do
significado, das palavras. Se as palavras têm algum significado, então a Bíblia
é clara em sua negação de que Deus tem um decreto todo-abrangente:
Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).
E o Espírito e a esposa dizem:
Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de
graça da água da vida (Ap 22.17).
Este princípio do “todo aquele
que,” que será estudado mais tarde neste capítulo, explicitamente nega qualquer
decreto todo-abrangente.
Outra razão que Deus não poderia
ter preordenado tudo que acontece através de um decreto todo-abrangente é o acaso.
Alguma coisa acontece por acaso? De acordo com a Bíblia sim:
Quando encontrares pelo caminho
um ninho de ave numa árvore, ou no chão, com passarinhos, ou ovos, e a mãe
posta sobre os passarinhos, ou sobre os ovos, não tomarás a mãe com os filhotes
(Dt 22.6).
E, ocasionalmente descia pelo
mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo (Lc 10.31).
Isto não significa que Deus não
pode ou não sabe o que irá acontecer ou que Deus não tem nenhum controle sobre
sua criação. O que significa, entretanto, é que não há tal coisa como um
decreto todo-abrangente da predestinação.
A resposta mais natural à idéia
de um decreto todo-abrangente é o senso comum normal, óbvio. Se o que será
será, então ninguém poderia possivelmente fazer qualquer outra coisa senão
cumprir o decreto soberano e eterno de Deus. Na Bíblia, um homem despedaçou sua
concubina em doze partes e a enviou aos termos de Israel (Jz 19.29). Foi por
meio de um decreto soberano, eterno? Algumas pessoas queimavam seus filhos no
fogo a Moloque e faziam sexo com animais (Lv 18.21-24). Isto aconteceu conforme
o conselho determinado de Deus? Percebo plenamente o caráter extremo dos
argumentos previamente mencionados, mas não sou eu que afirmo que Deus
preordenou todo pensamento, palavra e ação dos homens e dos animais. Evidência
documentada dos próprios calvinistas foi apresentada. A este esquema repugnante
da predestinação absoluta, Erasmus, sejam quais forem suas falhas, reconheceu
centenas de anos atrás:
Admitamos a verdade do que
Wycliffe ensinou e Lutero afirmou, a saber, que tudo que fazemos acontece, não
por causa de nosso livre-arbítrio, mas por causa de uma necessidade absoluta. O
que pode ser mais inútil do que divulgar este paradoxo ao mundo? Em segundo
lugar, admitamos que ele seja verdadeiro, como Agostinho escreveu em algum
lugar, que Deus causa tanto o bem quanto o mal em nós, e que ele nos recompensa
por suas boas obras efetuadas em nós e nos pune pelas más ações feitas em nós.
Que buraco abriria a divulgação desta opinião para inúmeras pessoas fugirem
para o ateísmo? Especialmente porque a humanidade é ociosa, indolente,
maliciosa e, além disso, incorrigivelmente inclinada a todo escândalo imoral.
Como muitos fracos continuariam em sua perpétua e penosa batalha contra sua
própria carne? De agora em diante, que perverso tentaria melhorar sua conduta?
Quem poderia amar com todo seu coração um Deus que incendeia um inferno com
sofrimento eterno, a fim de punir lá a pobre humanidade por suas próprias más
ações, como se Deus tivesse prazer na desgraça humana?[107]
Que diremos a estas coisas? Se
Deus não decreta todo o pecado e perversidade no mundo, então por que ele
acontece? Obviamente Deus o permite, mas permitir e decretar são
duas palavras diferentes. A pergunta misteriosa, inexplicável, é esta: Por que
Deus permite as coisas que Ele permite? Os pensamentos de Deus não são nossos
pensamentos; seus caminhos não são nossos caminhos (Is 55.8). Ele “não responde
acerca de todos os seus feitos” (Jó 33.13), e não está sob alguma obrigação de
assim fazer. O apóstolo Paulo deu mais detalhes sobre estes temas:
Ó profundidade das riquezas,
tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus
juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque, quem compreendeu a mente
do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para
que lhe seja recompensado? (Rm 11.33-35).
Os decretos de Deus são
extremamente simples em comparação com a vontade de Deus. Mas visto que dizem
que a pré-ordenação divina de todas as coisas é uma “parte essencial de
um sistema de doutrinas que tem sido chamado calvinista,”[108]
ninguém pode consistentemente aderir aos Cinco Pontos do Calvinismo sem
admitir um decreto todo-abrangente que inclui o pecado.
[1] W. E.
Best, Gods Eternal Decree (Houston: W. E. Best Missionary Trust, n.d.),
p. 1.
[2] Buswell, vol. 1, p. 164.
[3] Charles Hodge, Teologia Sistemática, pp. 400-401.
[4] Herman Hoeksema, Dogmatics, p. 157.
[5] Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 105.
[6] Gunn, p. 14.
[7] Boettner, Predestination, p. 6.
[8] Boettner, Reformed Faith, p. 2.
[9] Singer, p. 32.
[10] Engelsma, Hyper-Calvinism, p. 133.
[11] Talbot e Crampton, p. 14.
[12] Ibid.
[13] Coppes, p. 15.
[14] Pink, Election, p. 9.
[15] John Gill, A Body of Doctrinal and Practical Divinity (Paris: Baptist Standard Bearer, 1987), p. 173.
[16] Boettner, Predestination, p. 15.
[17] David S. West, em “The Baptist Examiner Forum II,” The Baptist Examiner, 18 de março de 1989, p. 5.
[18] Philip Melanchthon, citado em Boettner, Predestination, p. 15.
[19] Arthur W. Pink, Gleanings in Joshua (Chicago: Moody Press, 1964), p. 338.
[20] Gill, Divinity, p. 174.
[21] Boettner, Predestination, p. 234.
[22] Zanchius, p. 88.
[23] Pink, Sovereignty, p. 147.
[24] Ibid., p. 249.
[25] Gill, Divinity, p. 319.
[26] Muller, Christ and the Decree, p. 81.
[27] Palmer, p. 82.
[28] Shedd, Calvinism, p. 37.
[29] Machen, Man, p. 46.
[30] Shedd, Calvinism, p. 31.
[31] Franciscus Gomarus, citado em Newman, vol. 2, p. 339.
[32] John Piscator, citado em Newman, vol. 2, p. 338.
[33] Gunn, p. 13.
[34] David S. West, em “The Baptist Examiner Forum II,” The Baptist Examiner, 18 de março de 1989, p. 5.
[35] Pink, Sovereignty, p. 110.
[36] Ness, p. 7.
[37] Boettner, Predestination, p. 124.
[38] Palmer, p. 87.
[39] Ibid., p. 86.
[40] Strong, p. 361.
[41] Pink, Sovereignty, p. 19; Sproul, Chosen by God, p. 26.
[42] Pink, Sovereignty, p. 21.
[43] Ibid., p. 17.
[44] Arthur W. Pink, The Satisfaction of Christ (Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1955), p. 20.
[45] Pink, Covenants, p. 176.
[46] Arthur W. Pink, An Exposition of Hebrews (Grand Rapids: Baker Book House, 1954), p. 737.
[47] Herman Hoeksema, Whosoever Will (Grand Rapids: Reformed Free Publishing Association, 1945), p. 144.
[48] Arthur W. Pink, Gleanings in Exodus (Chicago: Moody Press, 1981), p. 78.
[49] Arthur W. Pink, Gleanings from Paul (Chicago: Moody Press, 1967), p. 153.
[50] Boettner, Predestination, p. 9.
[51] Clark, Predestination, p. 9.
[52] Pink, Sovereignty, p. 42.
[53] Clark, Predestination, p. 125.
[54] Custance, pp. 6, 7; Talbot e Crampton, pp. 12, 13.
[55] David S. West, em “The Baptist Examiner Forum II,” The Baptist Examiner, 18 de março de 1989, p. 5.
[56] Pink, Joshua, p. 317.
[57] Clark, Predestination, p. 170.
[58] Milburn Cockrell, “Dying on Time,” The Berea Baptist Banner, 5 de novembro de 1997, p. 202.
[59] Ibid., p. 203.
[60] Clark, Predestination, p. 63.
[61] Ibid., p. 64.
[62] Pink, Sovereignty, p. 57.
[63] Ibid.
[64] Pink, Election, p. 172.
[65] Calvin, Commentaries, vol. 6, p. 65.
[66] Ibid., vol. 12, p. 249.
[67] Shedd, Calvinism, p. 37.
[68] Alvin C. Planting, God, Freedom, and Evil (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1977), p. 10.
[69] Veja Marilyn McCord Adams, “Horrendous Evils and the Goodness of God,” em Marilyn McCord Adams e Robert Merrihew Adams, eds., The Problem of Evil (Nova York: Oxford University Press, 1990), p. 209; Plantinga, p. 17.
[70] Plantinga, pp. 29-34.
[71] Clark, Predestination, p. 185.
[72] Custance, pp. 263, 264, 265, 268, 269.
[73] Pink, Sovereignty, pp. 15, 55, 109, 168, 225, 240.
[74] Baker, p. 174.
[75] John S. Feinberg, “Deus Decreta Todas as Coisas,” em David Basinger e Randall Basinger, eds., Predestinação e Livre-Arbítrio (São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2000), p. 45.
[76] Clark, Predestination, pp. 74-75.
[77] Theodore Beza, citado em Muller, Christ and the Decree, p. 84.
[78] Charles Hodge, A Commentary on Romans (Edinburgh: The Banner of Truth Trust, 1972), p. 316.
[79] Jay Adams, Grand Demonstration, p. 67.
[80] Gunn, p. 14.
[81] Jay Adams, Grand Demonstration, p. 61.
[82] Confissão de Fé de Westminster, III:1.
[83] Palmer, p. 87.
[84] Gunn, p. 14.
[85] Palmer, p. 87.
[86] J. I. Packer, Evangelism and the Sovereignty of God (Downers Grove: Inter-Varsity Press, 1961), p. 21.
[87] Gordon H. Clark, Today’s Evangelism: Counterfeit or Genuine? (Jefferson: The Trinity Foundation, 1990), pp. 57-58; W. Gary Crampton, “Does the Bible Contain Paradox?” The Trinity Review, novembro/dezembro de 1990, pp. 1-4; Sproul, Eleitos de Deus, p. 29.
[88] Ibid., pp. 45-46.
[89] Clark, Evangelism, p. 58.
[90] Gerstner, Free Will, p. 1.
[91] Ibid.
[92] Ibid., p. 6.
[93] Boettner, Predestination, p. 208.
[94] Clark, Presbyterians, p. 111.
[95] Ibid., p. 112.
[96] James O. Wilmoth, David S. West e Dan Phillips, em “The Baptist Examiner Forum II,” The Baptist Examiner, 18 de fevereiro de 1989, p. 5.
[97] Joseph M. Wilson, “Does Prayer Change Things?” The Baptist Examiner, 8 de junho de 1991, p. 8.
[98] Selph, p. 144.
[99] N. L. Rice, p. 9.
[100] Palmer, p. 85.
[101] Dabney, Calvinism, p. 49; Talbot e Crampton, pp. 70-71; N. L. Rice, pp. 48-49; Chafer, Theology, vol. 1, p. 236.
[102] Talbot e Crampton, pp. 70, 71.
[103] G. C. Berkouwer, citado em Baker, p. 8.
[104] Jimmie B. Davis e Garner Smith, em “The Berea Baptist Banner Forum,” The Berea Baptist Banner, 5 de agosto de 1992, p. 150.
[105] S. T. Tolley, “Who’s Who Among Primitive Baptists?” The Christian Baptist, agosto/setembro de 1989, pp. 1, 5.
[106] Coppes, p. 23; Keener, p. 83; Sproul, Chosen by God, p. 191; Kruithof, p. 47; Jay Adams, Grand Demonstration, p. 67; Best, Free Grace, p. 49; Garner Smith, em “The Berea Baptist Banner Forum,” The Berea Baptist Banner, 5 de junho de 1997, p. 110.
[107] Desiderius Erasmus, em Erasmus - Luther Discourse on Free Will, pp. 11-12.
[108] N. L. Rice, p. 10.
[2] Buswell, vol. 1, p. 164.
[3] Charles Hodge, Teologia Sistemática, pp. 400-401.
[4] Herman Hoeksema, Dogmatics, p. 157.
[5] Louis Berkhof, Teologia Sistemática, p. 105.
[6] Gunn, p. 14.
[7] Boettner, Predestination, p. 6.
[8] Boettner, Reformed Faith, p. 2.
[9] Singer, p. 32.
[10] Engelsma, Hyper-Calvinism, p. 133.
[11] Talbot e Crampton, p. 14.
[12] Ibid.
[13] Coppes, p. 15.
[14] Pink, Election, p. 9.
[15] John Gill, A Body of Doctrinal and Practical Divinity (Paris: Baptist Standard Bearer, 1987), p. 173.
[16] Boettner, Predestination, p. 15.
[17] David S. West, em “The Baptist Examiner Forum II,” The Baptist Examiner, 18 de março de 1989, p. 5.
[18] Philip Melanchthon, citado em Boettner, Predestination, p. 15.
[19] Arthur W. Pink, Gleanings in Joshua (Chicago: Moody Press, 1964), p. 338.
[20] Gill, Divinity, p. 174.
[21] Boettner, Predestination, p. 234.
[22] Zanchius, p. 88.
[23] Pink, Sovereignty, p. 147.
[24] Ibid., p. 249.
[25] Gill, Divinity, p. 319.
[26] Muller, Christ and the Decree, p. 81.
[27] Palmer, p. 82.
[28] Shedd, Calvinism, p. 37.
[29] Machen, Man, p. 46.
[30] Shedd, Calvinism, p. 31.
[31] Franciscus Gomarus, citado em Newman, vol. 2, p. 339.
[32] John Piscator, citado em Newman, vol. 2, p. 338.
[33] Gunn, p. 13.
[34] David S. West, em “The Baptist Examiner Forum II,” The Baptist Examiner, 18 de março de 1989, p. 5.
[35] Pink, Sovereignty, p. 110.
[36] Ness, p. 7.
[37] Boettner, Predestination, p. 124.
[38] Palmer, p. 87.
[39] Ibid., p. 86.
[40] Strong, p. 361.
[41] Pink, Sovereignty, p. 19; Sproul, Chosen by God, p. 26.
[42] Pink, Sovereignty, p. 21.
[43] Ibid., p. 17.
[44] Arthur W. Pink, The Satisfaction of Christ (Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1955), p. 20.
[45] Pink, Covenants, p. 176.
[46] Arthur W. Pink, An Exposition of Hebrews (Grand Rapids: Baker Book House, 1954), p. 737.
[47] Herman Hoeksema, Whosoever Will (Grand Rapids: Reformed Free Publishing Association, 1945), p. 144.
[48] Arthur W. Pink, Gleanings in Exodus (Chicago: Moody Press, 1981), p. 78.
[49] Arthur W. Pink, Gleanings from Paul (Chicago: Moody Press, 1967), p. 153.
[50] Boettner, Predestination, p. 9.
[51] Clark, Predestination, p. 9.
[52] Pink, Sovereignty, p. 42.
[53] Clark, Predestination, p. 125.
[54] Custance, pp. 6, 7; Talbot e Crampton, pp. 12, 13.
[55] David S. West, em “The Baptist Examiner Forum II,” The Baptist Examiner, 18 de março de 1989, p. 5.
[56] Pink, Joshua, p. 317.
[57] Clark, Predestination, p. 170.
[58] Milburn Cockrell, “Dying on Time,” The Berea Baptist Banner, 5 de novembro de 1997, p. 202.
[59] Ibid., p. 203.
[60] Clark, Predestination, p. 63.
[61] Ibid., p. 64.
[62] Pink, Sovereignty, p. 57.
[63] Ibid.
[64] Pink, Election, p. 172.
[65] Calvin, Commentaries, vol. 6, p. 65.
[66] Ibid., vol. 12, p. 249.
[67] Shedd, Calvinism, p. 37.
[68] Alvin C. Planting, God, Freedom, and Evil (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1977), p. 10.
[69] Veja Marilyn McCord Adams, “Horrendous Evils and the Goodness of God,” em Marilyn McCord Adams e Robert Merrihew Adams, eds., The Problem of Evil (Nova York: Oxford University Press, 1990), p. 209; Plantinga, p. 17.
[70] Plantinga, pp. 29-34.
[71] Clark, Predestination, p. 185.
[72] Custance, pp. 263, 264, 265, 268, 269.
[73] Pink, Sovereignty, pp. 15, 55, 109, 168, 225, 240.
[74] Baker, p. 174.
[75] John S. Feinberg, “Deus Decreta Todas as Coisas,” em David Basinger e Randall Basinger, eds., Predestinação e Livre-Arbítrio (São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2000), p. 45.
[76] Clark, Predestination, pp. 74-75.
[77] Theodore Beza, citado em Muller, Christ and the Decree, p. 84.
[78] Charles Hodge, A Commentary on Romans (Edinburgh: The Banner of Truth Trust, 1972), p. 316.
[79] Jay Adams, Grand Demonstration, p. 67.
[80] Gunn, p. 14.
[81] Jay Adams, Grand Demonstration, p. 61.
[82] Confissão de Fé de Westminster, III:1.
[83] Palmer, p. 87.
[84] Gunn, p. 14.
[85] Palmer, p. 87.
[86] J. I. Packer, Evangelism and the Sovereignty of God (Downers Grove: Inter-Varsity Press, 1961), p. 21.
[87] Gordon H. Clark, Today’s Evangelism: Counterfeit or Genuine? (Jefferson: The Trinity Foundation, 1990), pp. 57-58; W. Gary Crampton, “Does the Bible Contain Paradox?” The Trinity Review, novembro/dezembro de 1990, pp. 1-4; Sproul, Eleitos de Deus, p. 29.
[88] Ibid., pp. 45-46.
[89] Clark, Evangelism, p. 58.
[90] Gerstner, Free Will, p. 1.
[91] Ibid.
[92] Ibid., p. 6.
[93] Boettner, Predestination, p. 208.
[94] Clark, Presbyterians, p. 111.
[95] Ibid., p. 112.
[96] James O. Wilmoth, David S. West e Dan Phillips, em “The Baptist Examiner Forum II,” The Baptist Examiner, 18 de fevereiro de 1989, p. 5.
[97] Joseph M. Wilson, “Does Prayer Change Things?” The Baptist Examiner, 8 de junho de 1991, p. 8.
[98] Selph, p. 144.
[99] N. L. Rice, p. 9.
[100] Palmer, p. 85.
[101] Dabney, Calvinism, p. 49; Talbot e Crampton, pp. 70-71; N. L. Rice, pp. 48-49; Chafer, Theology, vol. 1, p. 236.
[102] Talbot e Crampton, pp. 70, 71.
[103] G. C. Berkouwer, citado em Baker, p. 8.
[104] Jimmie B. Davis e Garner Smith, em “The Berea Baptist Banner Forum,” The Berea Baptist Banner, 5 de agosto de 1992, p. 150.
[105] S. T. Tolley, “Who’s Who Among Primitive Baptists?” The Christian Baptist, agosto/setembro de 1989, pp. 1, 5.
[106] Coppes, p. 23; Keener, p. 83; Sproul, Chosen by God, p. 191; Kruithof, p. 47; Jay Adams, Grand Demonstration, p. 67; Best, Free Grace, p. 49; Garner Smith, em “The Berea Baptist Banner Forum,” The Berea Baptist Banner, 5 de junho de 1997, p. 110.
[107] Desiderius Erasmus, em Erasmus - Luther Discourse on Free Will, pp. 11-12.
[108] N. L. Rice, p. 10.
Amado, estava devendo uma visita ao seu blog. (2 anos).
ResponderExcluirE cheguei por meio deste post.
Apesar de haver lido apenas parte dele.
Concordei como você o divulgou em meu blog: "Passei aqui para pedir que leia um artigo profundo em teologia e que acho que irá gostar".
Copiarei para tê-lo em meus textos e assim, lê-lo completamente.
Parabéns pelo tema, pelo desenvolvimento pela apresentação... e a bibliografia (mais uma vez parabéns).
Que o Santo seja com o Amado.
Paulo Brasil