Igrejas neopentecostais sofrem queda, enquanto à AD cresce 48% na primeira década do século 21, chegando a 12,3 milhões em todo o país.
Os evangélicos no
Brasil crescem 61% na primeira década do século 21, chegando a 42.275.440 de
brasileiros ou 22,2% é, em número de pessoas, 16 milhões de crentes a mais em
10 anos. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), divulgados às 10h do dia 29 de junho. A Igreja Católica foi a que mais
sofreu queda, caindo de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010. O destaque foi a
Assembleia de Deus, que subiu 8,4 milhões em 2000 para 12,3 milhões em 2010.
Foram 3,9 milhões de crentes a mais e 48% de crescimento entre os assembleianos.
Desde os anos de 1970, a Assembleia
de Deus é a maior denominação evangélica do país, só que nunca ela experimentou
um período de crescimento como o dos últimos 22 anos. Até os anos de 1990, o
período de maior crescimento da denominação havia sido nos anos de 1950. Porém,
de 1990 a 2000 e de 2000 a 2010, a AD experimentou as duas maiores fases de
crescimento de sua história.
Em entrevista ao Jornal Nacional,
da Rede Globo, o pastor José Wellington Bezerra da Costa, líder da CGADB,
falou sobre o crescimento da AD. "Nós abordamos as pessoas nas suas casas,
nos logradouros públicos. Procuramos trabalhar na evangelização homem a homem,
por assim dizer. Um trabalho de evangelismo pessoal", afirmou o líder.
Crescimento da AD
Desde
de 1991 a 2000, segundo o IBGE, foram 350% de crescimento. Nesse período, a
Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), maior ramo e tronco
histórico da denominação, representando mais de 70% dos assembleianos no país,
realizou a Década da colheita, um esforço evangelístico nacional na última
década do século 20 promovido pela CGADB. E de 2000 a 2010, segundo o IBGE,
foram 48% de crescimento. Segundo os números do Censo 2010 havia exatos
12.314.410 assembleianos em todo o país em 2010, o que representa cerca de 7%
da população brasileira. Lembrando que, em 2011, o IBGE já havia apresentado os
dados sobre religião da Pesquisa de Orçamento Familiares (POF) de 2009, que
revelavam que o número de assembleianos no país já era de 11 milhões a apenas
um ano de Censo 2010.
Um
detalhe importante é que uma vez que esses dados não são um retrato do país
hoje, mas apenas de dois anos atrás, isso significa que o número de
assembleianos em 2012 é, sem dúvida, ainda maior.
Em
junho de 2011, na edição histórica do jornal Mensageiro da Paz sobre o
Centenário da Assembleia de Deus no Brasil, foi divulgado um levantamento do MP
junto aos ministérios e convenções das ADs filiadas à CGADB. Esse
levantamento mostrava que o número total de membros dessas igrejas no país era
de 7.374.891. Nesse número não havia congregados, mas apenas membros de fato,
isto é, crentes batizados em águas e que estavam em comunhão com suas igrejas
até março de 2011. Também não haviam sido computados, claro, os quase 100 mil
novos membros que desceriam às águas batismais três meses depois, no histórico
Batismo do Centenário, promovido pela CGADB em junho de 2011. Logo,
considerando que o número de congregados das ADs pelo país filiadas à CGADB
chega, em média, a 30% da frequência mensal em seus templos, o MP chegou ano
passado ao número de 9,5 ligados à CGADB até 2011.
Como
o MP conta apenas com os dados concretos das ADs filiadas ao ramo maior
da denominação, não tendo acesso a dados precisos das ADs independentes e das
filiadas à Convenção Nacional das ADs do Ministério de Madureira (Conamad), não
havia como precisar o número total de assembleianos no Brasil em 2011, mas já
dava para ter uma ideia.
Acrescentando
aos dados concretos sobre a CGADB algumas estimativas e projeções sobre a quantidade
de assemblleianos dos ramos menores da denominação, podia-se afirmar que os
assembleianos no Brasil já seriam mais de 13 milhões na época do Centenário,
promovido em junho do ano passado pela CGADB, levou às águas batismais quase
100 mil novos crentes.
Em
entrevista ao site da revista Veja sobre os dados do Censo 2010, Cesar
Romero Jacob, cientista político da PUC-RJ, afirma que "a preservação da família
é um dos motivos que serve para explicar
o crescimento da Assembléia de Deus no país. De acordo com o Censo de 2010, ela
é o maior segmento evangélico, com 12 milhões de fiéis, e o segundo maior do
Brasil, atrás da igreja Católica. Em comparação com a igreja Universal do Reino
de Deus, por exemplo, que perdeu 228 mil fiéis nos últimos 10 anos e hoje tem
1,8 milhão de arrebanhados, a Assembléia de Deus prega valores morais mais
rígidos. Nos anos 90, época de expansão da favelização, a mãe não queria a
desestruturação da sua família, o que a Assembleia não deixa. A proibição, por
exemplo, de bebidas alcoólicas e de roupas femininas mais insinuantes. A
favelização e a ocupação das periferias são resultado da migração dos anos 80 e
90, que deixou de ser motivada pela possibilidade de ascensão social e passou a
acontecer pela expulsão das pessoas do campo, em sua maioria pobres. As
correntes pentecostais acompanharam esses deslocamentos e, ainda na década de
90, entraram maciçamente na política".
Jacob
diz ainda que "a política se tornou um instrumento de crescimento da
própria igreja pentecostal ou do pastor. É uma população com baixa renda e
escolaridade. Entre pessoas independentes economicamente e bem formadas fica
mais difícil o voto de cabresto". Só que, como ressalta o site da revista
Veja, a pesquisa do Censo revela ainda que "apesar de os pentecostais
crescerem na população pobre e baixa renda, na última década se fez presente
também na nova classe média".
Com
certeza, fatores sociais explicam muito desse crescimento, mas não são as
únicas explicações. Sabemos que parte desse crescimento se deve também ao
fervor evangelístico, mas sem negociar os seus valores - tentação pela qual
passam normalmente algumas igrejas em busca de crescimento rápido. Se há
igrejas que não tem observado mais isso, seu crescimento terá sido mais inchaço
do que qualquer outra coisa. Terá sido quantidade sem qualidade. E, como
sabemos, quantidade é importante, mas quanto acompanhada de qualidade.
Neopentecostais caem
Quatro dados sobre religião do Censo
2010 são muito curiosos. O primeiro deles é a queda das igrejas
neopentecostais, cujo modelo de trabalho foi, durante um bom tempo, copiado por
alguns líderes evangélicos pentecostais, influenciados por modismo e
preocupados mais em encher igreja do que proporcionar crescimento sadio.
Teologia da prosperidade, confissão positiva, mensagens totalmente
triunfalistas, G-12 e um certo afrouxamento em questões morais eram a tônica.
Pois bem, o Censo 2010 mostra que igrejas que apostavam nisso estão entre as
que mais perderam. e as poucas que têm esse modelo e cresceram devem sua
quantidade de novos seguidores não a uma conversão de pessoas de outras
religiões à fé evangélica por meio dessas igrejas, mas à migração considerável
de membros de igrejas neopentecostais em declínio para essa neopentecostais
mais novas. Ou seja, o que ocorre entre elas não é um crescimento real, mas uma
transferência de membros.
Outro
dado é que aumentou o número de ateus, agnósticos e religiosos sem igreja (que representam
a maior parte desse índice). Ao todo 15,3 milhões de brasileiros, cerca de 8%
da população, se declaram crentes sem igreja, ateus ou agnósticos. Parece ser
um sintoma de gente frustrada com falsos tipos de evangelhos pregados por aí
nos últimos anos. Aliás, a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2009 do IBGE já demonstrava
que, há três anos, mais de 4 milhões de evangélicos no país se diziam crentes
sem igreja.
Até tradicionais caem
Em terceiro lugar, o Censo mostra
decréscimo também entre as igrejas evangélicas tradicionais, excetuando os
batistas, que aumentaram de cerca de 3,2 milhões para 3,7 milhões e continuam
sendo o segundo maior ramo evangélico no país. Diminuiu o número de fiéis entre
os presbiterianos, que são agora 921,2 mil; luteranos, que são 999,5 mil;
congregacionais com 109,6 mil; e metodistas, com 340,9 mil.
Entre
os não tradicionais, caiu o número de fiéis na Congregação Cristã do Brasil
(2,3 milhões), na Casa da Bênção (125,5 mil), na Igreja O Brasil para Cristo
(196,6 mil) e nas Igrejas de Nova Vida (90,5 mil), Cresceram em número de fiéis
as igrejas do Evangelho Quadrangular (1,8 milhão), Maranata (356 mil), Deus é
Amor (845,3 mil) e o conjunto das comunidade evangélicas em geral (180,1 mil).
Entre
as seitas, cresceram os adventistas, que passaram de 1,2 milhão para 1,5
milhão; as testemunhas de jeová, de 1,1 milhão para 1,4 milhão; e os mórmons,
de 199,6 mil para 226,5 mil.
Em
quarto lugar, algumas curiosidades: o Estado do Rio de Janeiro é o de menor porcentagem
de católicos (45,8%) e o mais espírita (4%); e o Piauí ainda é o Estado mais
católico (85,1%). Os estados mais evangélicos do Brasil são Espírito Santo
(34,4%), Rondônia (34%) e Acre (34%).
Avanço evangélico na
história do Brasil
Os dados do crescimento evangélico na
história do Brasil, desde que começaram fazer recenseamentos por aqui, são os que
se seguem: em 1890 éramos 143.743 (1% da população); em 1940, éramos 1.074.857
(2,6%), o que representava um crescimento de 648% em 50 anos; em 1950, éramos
1.741.430 (3,4%), um crescimento de 62%; em 1970, 4.814.728 (5,2%), um
crescimento de 70,5%; em 1980, 7.885.846 (6,6%), um crescimento de 63,8%; em
1991, 13.189.284 (9%), um crescimento de 67,3%; e em 2000, 26.184.941 (15,45%),
o que significou um crescimento de 98,5%. Agora, somos 22,2%, com crescimento
de 61%. Nesse ritmo, em 2030 ou, no mais tardar 2040, os evangélicos serão
maioria no Brasil.
Que
possamos continuar crescendo, mas que esse crescimento seja acompanhado de
qualidade e não mero inchaço.
Fonte: Mensageiro da Paz - Agosto de 2012 - pags. 4 e 5
Evangélicos crescem, Igreja Católica cai e Assembleia de Deus se destaca